Com a República, Leite de Vasconcelos encontrou nas instituições reformadas novos espaços de atuação. Em 1911, fez parte da comissão encarregada de fixar as bases da ortografia para as escolas e documentos oficiais, bem como de estabelecer um vocabulário ortográfico; na Academia das Ciências presidiu à comissão de redação do novo dicionário (até 1916). Em agosto desse mesmo ano foi nomeado professor na nova Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que sucedeu ao Curso Superior de Letras. Não lhe foram atribuídas as disciplinas em que poderia refletir os seus interesses de investigação, formar discípulos e uma “escola”. Ensinou filologia clássica, língua e literatura francesas e gramática comparativa; pontualmente, arqueologia, epigrafia e numismática. Apenas nos anos finais da carreira teve oportunidade de ensinar filologia portuguesa.

A partir da década de 20, ocupado pela Faculdade e com menos saúde, foi reduzindo as incursões arqueológicas e dirigiu a maior parte da investigação para a etnografia. Em 1927, publicou na Revista Lusitana (vol. XVI) um longo trabalho introdutório sobre etnografia e De Terra em Terra - Excursões arqueológico-etnográficas através de Portugal (Norte, Centro, e Sul). Em 1929, reformou-se dos cargos públicos por limite de idade. Manteve-se como diretor honorário do museu (que passou a designar-se "Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcelos"). Nos anos seguintes, esforçou-se por ordenar para publicação décadas de notas bibliográficas e documentais, sujeitando-se a um intenso plano de trabalho na biblioteca particular da sua casa na rua D. Carlos Mascarenhas. Em 1929, reeditou a atualizou o mapa dialectológico (Opúsculos, IV). Em 1933, publicou o primeiro volume da Etnografia Portuguesa, dedicado à definição do âmbito da disciplina, explicação de fontes de investigação, estado dos estudos etnológicos em Portugal e planos de trabalho na área científica. Em 1938 compilou um conjunto de estudos sobre etnologia (Opúsculos, V), revisitando temas como a origem, história e formação do povo português, superstições, rituais, as religiões da Lusitânia, lendas, cancioneiro.

A extensa lista de publicações é apenas uma parte do legado bibliográfico de Leite de Vasconcelos. Ao longo de quase 60 anos, fundou e assegurou a publicação regular de um conjunto de periódicos especializados, assumindo as funções que modernamente reconhecemos na figura de um editor científico. Foi responsável pela definição dos planos das revistas, pela seleção de colaboradores e pela depuração de um modelo de escrita científica em Portugal.

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