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Leite de Vasconcelos esforçou-se por publicar rapidamente notícias filológicas, descobertas arqueológicas ou por conseguir boas peças para o seu museu. Frequentemente fazia notar que tinha sido o primeiro a publicar sobre determinado assunto, com mais e melhor informação. Deste espírito de emulação resultaram episódios de aspereza no relacionamento pessoal com arqueólogos e linguistas contemporâneos (cf. exemplo da correspondência com o arqueólogo António dos Santos Rocha). Em 1907, Rocha Peixoto, um dos redatores da revista Portugália (Porto, 1899-1908) acusou Leite de propalar uma visão facciosa da arqueologia portuguesa, por ignorar conscientemente o trabalho desenvolvido pelos arqueólogos próximos do grupo da Portugália e sobrevalorizar a ação do Museu Etnológico. A polémica sobre temas de Língua Portuguesa, que manteve com António Cândido de Figueiredo (1846-1925), desenvolveu-se numa série de textos publicados em jornais. Em 1891 Leite publicou no jornal O Dia uma série de críticas das Lições práticas de linguagem portugueza de Cândido de Figueiredo. No mesmo ano, sob o pseudónimo de Caturra Júnior, Cândido editou o opúsculo Tosquia de um grammatico dedicada aos filologos mirandezes e Leite respondeu com O Gralho depenado. Replica às Caturrices philologicas do sr. Candido de Figueiredo. A questão terminou 1892 em O golpe de misericordia. Execução litteraria de Zé Filólogo Leite de Vasconcellos, accusado de varios delitos contra a grammatica, o bom senso e a salubridade publica. À parte das invectivas recíprocas, é um testemunho relevante da oposição entre o discurso filológico pré-científico de Figueiredo - mais preocupado com o conceito de erro e vícios de linguagem — e uma linguística moderna, documentada pela dialectologia, capaz de explicar a diversidade e variação da língua portuguesa. No conjunto das obras de Leite de Vasconcelos, os textos desta polémica representam um discurso didático próximo da divulgação científica. |
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