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Leite de Vasconcelos não deixou manifestações de preferências políticas nas suas obras, nem teve uma intervenção pública comparável à de filólogos seus contemporâneos, como Adolfo Coelho, que participou nas Conferências do Casino e dedicou grande parte da vida a estudos sobre pedagogia e analfabetismo, ou Teófilo Braga, que exerceu militância republicana desde 1878. Não se encontra, pelo menos de forma programática, uma linha de trabalho que relacione o progresso da ciência e a sua aplicação direta ao progresso da sociedade e melhoria das condições de vida. As notas críticas à organização social contemporânea são mais próprias de um conservador do que de um contestatário: «Quando um povo, em virtude das más cabeças dos homens que o constituem, ou de condições históricas e gerais está em decadência, como o nosso, permite-se ao menos aos que amam a terra em que nasceram furtar-se, pela contemplação e estudo das cousas do passado, às misérias do presente» (Religiões da Lusitânia, 1897, p. VIII). No longo processo de criação e instalação do Museu de Etnologia (1893-1906) revelou um bom relacionamento com os ministérios e a estrutura burocrática – o apoio de Bernardino Machado foi disso exemplo. Integrou-se na nova ordem republicana, conquistando um posto de professor na nova Universidade de Lisboa. Manteve-se na direção do Museu, após se submeter a uma sindicância sobre acusações de gestão autocrática nos últimos anos do regime monárquico. Nesse processo declarou, em sua defesa, que «ninguém é mais respeitador dos poderes constituídos do que eu» (Defensão, 1913: 37). |
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