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Filho de Joaquim Pereira Vicente Serrão e de Adriana dos Santos Veríssimo Serrão, contava 11 anos quando perdeu a mãe, o que contribuiu para que o pai viesse a desempenhar papel preponderante na sua educação. Com casa comercial na cidade e de formação republicana-liberal, este preocupou-se em proporcionar ao filho todo o currículo escolar que a urbe santarena oferecia. Concluídos os estudos liceais em 1943, pode o jovem Joaquim Veríssimo Serrão rumar a Coimbra para na sua Universidade se inscrever a 23 de Setembro na Faculdade de Direito, que apenas frequentou durante um ano. Os estudos jurídicos não o terão cativado, pois no ano imediato, em 7 de Setembro de 1944, optou por se matricular no curso de Ciências Históricas e Filosóficas que reunia então um prestigiado corpo docente. Integravam-no, na área da História Moderna, Damião Peres, Manuel Lopes de Almeida, Mário Brandão e na de Medieval Torquato de Sousa Soares e Pierre David. O pensamento filosófico era exposto por Joaquim de Carvalho, “profundo inquiridor de ideias que não compreendia a História sem a interligar com o fascinante mundo da Filosofia”; e Sílvio Lima “que iniciava os alunos no estudo do antropocentrismo e do teocentrismo renascentistas” (Primeiras jornadas de História Moderna,1986,p. 5) com uma profundidade que o jovem aluno avidamente assimilava. Foi também discípulo de Aristides de Amorim Girão, o renovador dos estudos geográficos; em História de Arte conheceu fugazmente Vergílio Correia; nos cursos complementares teve os reputados Mestres Maximiano Correia e José Correia de Oliveira. Em depoimento sobre o “Ofício de Historiador” prestado em 1989 à revista Ler História, traçou esta síntese sobre a formação adquirida em Coimbra: “Se uns mestres pendiam para a investigação documental, outros pendiam para a reflexão histórica como base de uma cultura autêntica”. Também referiu o fácil acesso que os alunos então tinham ao que de mais recente se publicava no campo da historiografia, entre livros e revistas estrangeiras, designadamente francesas, nos institutos anexos à Faculdade de Letras e a frequência da riquíssima Biblioteca Joanina “um pouso obrigatório de trabalho para quem sentia a chama da investigação histórica” (JVS, Meio século ao serviço da Universidade e da História, 2000, p. 11). No entanto, o gosto pela pesquisa já lhe vinha dos tempos de estudante liceal passando horas na Biblioteca de Braamcamp Freire. Ao concluir o curso em 1948, seguro da consistência da sua formação, decide apresentar no mesmo ano a dissertação de licenciatura. Manuel Lopes de Almeida tentou dissuadi-lo da antecipação por considerar uma temeridade, tendo o aluno respondido que o fazia por não querer sobrecarregar o pai, com mais um ano de estadia em Coimbra. Deu à dissertação o título Sentido da História. Breve Introdução a um Problema. O júri atribuiu a classificação de 16 valores. O curso que, como a sua designação indica, interligava dois domínios científicos, suscitou no brilhante aluno a atracção pela filosofia alemã pós-hegeliana, em especial pelas obras de Wilhem Dilthey, Heinrich Rickert e Wilhem Windelband. Como o próprio escreveu no texto que designa por seu “testamento intelectual”, “era para a filosofia da ciência que o meu espírito nesse tempo se orientava, convencido em termos de futuro de que havia nela encontrado o meu verdadeiro caminho!” (Idem, pp. 12-13). Mas nas leituras extra-curriculares ao longo do período da sua formação, teve a consciência clara de que a investigação histórica necessitava de se renovar, influenciado pelas propostas metodológicas e críticas da escola dos Annales então dominantes, a fim de que a história fosse mais científica do que ideológica. Presente-se esta sensibilidade na tese de licenciatura, que virá a desenvolver quando definitivamente se entregou ao ofício de historiador. Embora a tese não tenha sido publicada, foi nas suas traves-mestras que assentou a docência da disciplina de Metodologia da História que mais tarde leccionou na Faculdade de Letras, e veio a lume com o título História e Conhecimento Histórico (1968), ampliadas e expostas de forma didáctica. |
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