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Regressemos a Santarém. O amor que sempre sentiu pela cidade que o viu nascer manifestou-o de vários modos e em diferentes contextos. Dedicou-lhe os seus primeiros trabalhos de historiador com títulos bem expressivos: Ensaio histórico sobre o significado e valor da tomada de Santarém aos mouros em 1147, publicado em 1947; Santarém na História de Portugal e Santarém. História e Arte, ambas de 1950. Estas obras inaugurais do seu longo percurso assinalavam também o gosto que viria a cultivar pela história regional e local, como adiante melhor veremos. Não lhe foi franqueada a porta de assistente universitário, esclarecendo mais tarde o motivo: “por ao tempo ser demasiado rebelde para que o conservadorismo coimbrão gostasse de mim” (Correspondência com Marcelo Caetano, p. 458). Regressou à pátria de origem, sintetizando assim os seus primeiros tempos de pós-licenciatura: “De Outubro de 1948 a Novembro de 1950 fiquei por Santarém a ensinar História, Literatura e Filosofia em colégios particulares e ocupava os meus ócios a escrever com frequência para o semanário Correio do Ribatejo e no periódico Vida Ribatejana. Teve assim ensejo de se estrear no jornalismo de âmbito regional, que nunca abandonou, para mais tarde escrever em jornais de projecção nacional: no quotidiano O Dia, com alguma regularidade, e ocasionalmente no Diário de Notícias. Neste diário, em O Jornal, no Expresso e no Público manteve várias polémicas, traço característico da sua personalidade, mas também expressão de cidadão empenhado. O nível da docência a que então se dedicava não o satisfazia. Sonhava com voos mais altos. Admitiu seguir a carreira diplomática, a que o curso na altura dava acesso, embora sem grande entusiasmo, além de não dispor de fortuna pessoal, pressuposto então indispensável, de que veio a desistir seguindo o conselho paterno. Surge-lhe, entretanto, a oportunidade que acalentava como projecto de vida: o professorado universitário. Abrira-se a vaga de leitor de cultura portuguesa na Universidade de Toulouse, obtendo do Instituto de Alta Cultura a nomeação para o cargo (1950-1960). Encontrou na secção de Estudos Portugueses da Universidade tolosana um conjunto de conceituados historiadores franceses, alguns muito interessados na cultura portuguesa, e outros que se dedicavam a áreas do saber das quais Joaquim Veríssimo Serrão passou a escutar as suas lições: de geografia humana, com Daniel Faucher; de história do direito meridional, com Paul Ourliac; das instituições antes e depois das Revolução Francesa, com Jacques Godechot; da ética como disciplina filosófica, com Georges Bastide; da geografia hispânica no seu relacionamento com Portugal, com Jean Sermet; da história do Atlântico, com Fréderic Mauro, com quem contraiu perduráveis laços de amizade. Mas, entre todos os grandes Mestres, foi Léon Bourdon, director do Departamento de Estudos Portugueses nos três primeiros anos da sua permanência em Toulouse – depois ascenderia a catedrático de Estudos Portugueses na Sorbonne -, que lhe deixou marcas mais profundas pelo rigor que lhe transmitiu sobre a indagação documental e a metodologia a seguir no trabalho científico. |
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