| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
Por essa época, marcado pela Escola dos Annales, que, na esteira de Lucien Febvre, insistia na interpelação constante para que a História cumprisse a sua função de “ciência dos Homens no tempo”, precisando que o historiador se devia interessar por tudo o que tivesse recebido a marca do humano na longa aventura das gerações. E o “como escrever História” foi preocupação que o acompanhou ao longo de toda sua trajectória, sobre a qual escreveu vários textos. O primeiro foi apresentado em 1963 na Academia Portuguesa da História, de que era académico correspondente desde 1960. Deu-lhe o título “Da possibilidade de uma nova “História de Portugal”, método e fontes”, no qual discorreu sobre como elaborar uma nova História, lançando uma série de interrogações sobre a selecção de fontes e a epistemologia a seguir na sua utilização. Passou em revista todas as Histórias de Portugal até então publicadas, distinguindo “as de fundo documental, as de intenção filosofante, as de traçado somente literário, as de pespectiva científica, as de intenção divulgativa e as de base apologética”, propondo a sua concepção de História:[que seja]“obra rigorosa na documentação, com notas bibliográficas que fundamentem o seu conteúdo, de sentido objectivo, de suporte científico, numa construção que corresponda às exigências mentais da nossa época”. E reforça a posição: “É nesta fidelidade à história científica, escudada em fontes, rigorosa na interpretação, abraçando vários ramos do conhecimento que servem para documentar e esclarecer o Passado que o meu espírito se formou e ainda, felizmente, se mantém”. Voltou a desenvolver e aprofundar estes pressupostos na atrás citada História e Conhecimento Histórico (1968) e em comunicação apresentada na Academia das Ciências de Lisboa, em 1977, ao ser elevado a membro efectivo desta instituição, com o título “Reflexão para uma “História de Portugal”, que, nas suas linhas gerais inseriu na introdução ao primeiro volume da sua História de Portugal, publicado no mesmo ano. Nunca abandonou o pendor para a compreensão do homem na sua historicidade e a interpretação do processo histórico, desde os filósofos e historiadores que mencionou na dissertação de licenciatura aos que foi lendo, em que se destacam os nomes de Max Weber, Georg Simmel, Benedetto Croce, Ortega y Gasset, Charles-Victor Langlois, Gabriel Monod, Charles Samaran, Henri-Irénée Marrou, Arnold J. Toynbee e Raymond Aron. Acompanhava tudo o que em Portugal e no estrangeiro, sobretudo em França, se publicava sobre teoria da História, que considerava uma indispensável disciplina formadora do conhecimento (Ler História, p. 139). É com esta formação mental e sólida preparação académica que, ao ser admitido na Faculdade de Letras em 1960, lhe foi confiada a leccionação de várias cadeiras durante seis anos. O absorvente labor da docência não o impedia, contudo, de ir publicando livros, mais de 400 artigos e centenas de entradas, com destaque para a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Verbo; Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura e Dicionário de História de Portugal, dir. Joel Serrão, de proferir conferências – em que revelava o seu talento de orador brilhante - organizar ou participar em várias reuniões científicas em Portugal e no estrangeiro. Entretanto trabalhava também para concorrer a uma vaga de professor agregado em Outubro de 1962, elaborando a dissertação Portugueses no Estudo de Salamanca, na esteira de trabalhos que atrás se deixa referido.O primeiro volume abrangia o período de 1250 a 1550. Constituía um inventário dos mestres e escolares portugueses que frequentaram a Universidade salmantina na Idade Média e no Renascimento e a influência que as doutrinas ministradas tiveram na cultura portuguesa. Um incidente imprevisto alterou o projecto: a crise académica que eclodiu, devido à proibição oficial do Dia do Estudante. |
|||||||||||||