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Ficou conhecido publicamente como autor de um ensaio intitulado «Dispersão do Pensamento Filosófico Português» (1943). Esse traço, relativo a um tipo-ideal, figura como hipótese, com alcance interpretativo, requerendo, assim, a posterior verificação casuística. Definindo-o a partir de três aspetos, «o pragmatismo vivido» (OF II, p. 469), «a convicção não sistemática» (OF II, p. 470) e «a liberdade de pensamento» (OF II, p. 471), fazia-o corresponder a uma certa maneira de filosofar, mais experiencial, a qual, em tempos de guerra, valorizava, contra o pendor excessivamente sistemático de outras filosofias nacionais, como a alemã, a seu ver, intolerante logo na pretensão a uma coerência exclusiva. Ainda que esta posição se confirme na crítica ao germanismo de Vleeschauwer, em «Do Pensamento Português» (1944), o seu sucesso resultou de um uso a contrario sensu pela intelligentzia nacional, que a converteu em argumento comprovativo de um déficit pátrio de modernidade. Introdutor da lógica formal em Portugal, desenvolveu uma metodologia argumentativa de desconstrução, em torno de problemas discretos, tendo como objetivos a eliminação das evidências pseudocientíficas ou pseudofilosóficas e a consolidação de uma epistemologia racional, de pendor idealista, que previa a inventividade e a progressão ensaística. Visava, desse modo, alterar o padrão da racionalidade dominante na sociedade portuguesa, reorientando-o para a objetividade científica contemporânea, também no que respeita à historiografia. Pela constante crítica dos transbordos metafísicos e das derivas substantivas em matéria científica, bem como pelo uso de autores neopositivistas, analíticos e pragmatistas, foi incluído na corrente positivista, equívoco que procurou desfazer em Pontos de Referência (1961), o seu «discurso do método» definitivo. Aí, clarifica a distinção entre positivismo como sistema, que constantemente criticou, como limite do conhecimento, critério a que recorreu regularmente, e como atitude positiva, «recusando sistema feito e limite estabelecido» (OF III, p. 188), que praticou e intentou disseminar. |
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