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À história científica, aplica-se, consequentemente, a consideração epistemológica de que «os princípios da ciência estão no mesmo plano da realidade científica a que servem de ponto de partida, isto é, não são transcendentes» (OF III, p. 220). Se a história-ciência contém a aspiração legítima de reduzir o hiato entre cognoscere e intelligere (OF III, p. 285), dando azo a uma filosofia da história, conforme ao que pensou ser o padrão epistemológico contemporâneo de uma «osmose científico-filosófica» (OF III, p. 258), só poderá realizá-la pelo fortalecimento do seu processo gnosiológico, gerindo adequadamente a fronteira com o adiáforo, na tríplice dimensão do desconhecido, do irrelevante, do irracional, de modo a oferecer um suporte suficientemente sólido à procura de uma equação cuja fórmula subsuma a diversidade do vivido na abstração do concebimento, que não cabe confundir com uma qualquer previsão, epistemicamente inviável, do seu curso ou desfecho. No artigo de 1919-1920, essa correlação já estava enunciada de modo inequívoco: «a) Pour qu’il y ait une philosophie de l’histoire, il faut et il suffit que la science de l’histoire soit possible et commence à devenir réelle. Réciproquement, b) S’il y a une philosophie de l’histoire, il y a aussi, nécessairement, une science de l’histoire» (OF I, pp. 215-216). O primeiro e principal contributo da filosofia diz respeito, por conseguinte, a esse esforço de racionalização das condições epistemológicas, seja pela análise dos conceitos fundamentais, seja pela determinação dessa lógica dos limites, pela qual, ao reduzir a extensão da cognoscível, se incrementa a intensão do conhecido e se abre a eventualidade de um nível superior de entendimento. Este, não obstante, deverá manter-se numa relação direta com o conhecimento adquirido, sem que pretenda substituir o que é possível conhecer, a partir desse rasto que é deixado pela ação humana, por uma metafísica da história. De uma tal tarefa colaborativa, para além do exercício crítico exposto, tomou para si a definição da escala requerida para que a história se torne plenamente ciência social e humana, de acordo com o padrão de cientificidade idealizado, o qual supõe, como indicámos, um saber abstrativo de relações complexas. |
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