Academia Real das Ciências de Lisboa I 1779-1820 | 1820-1851
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Igualmente relevantes foram as edições da Vida do Infante D. Duarte por André de Resende (1789), o Soldado Prático de Diogo do Couto (1790) e a Colecção de Notícias para a História e Geografia das Nações Ultramarinas (5 vols. iniciados em 1812 e cuja publicação se prolongaria até 1839). Através da constituição deste corpus de fontes históricas portuguesas, a que naturalmente se associava o trabalho de cadastro e inventário de documentos que permaneciam ignorados ou mal conhecidos nos arquivos e bibliotecas, a ACL demonstrava a sua clara prioridade pela reconstrução e valorização patrimonial.
Com efeito, sem inventário de arquivos e sem publicação de fontes, não seria possível o exercício concreto do ofício do historiador. Essa é a terceira dimensão que importa reter neste balanço das actividades directamente proporcionadas pela ACL ao longo da primeira fase da sua existência institucional, a qual representa um dos períodos mais importantes para se compreender a contribuição da ACL para a construção da história como disciplina académica no nosso país.
Todos os autores que participaram na missão da ACL para o levantamento de fontes nos cartórios e bibliotecas do reino também publicaram relatos das suas incursões arquivísticas na colecção de Memórias de Literatura Portuguesa, da qual foram publicados oito volumes entre 1792 e 1814. Esta colecção, cujo título é expressamente identificado como referência à língua e história portuguesas, constitui o principal repositório do trabalho historiográfico dos sócios da ACL ao longo do período em análise. A título exemplificativo, refira-se a publicação de uma memória sobre a crónica inédita da conquista do Algarve, encontrada por Frei Joaquim de Santo Agostinho (Memórias de Literatura Portuguesa, Tomo I, 1792, pp. 74-97), a descrição pormenorizada que este mesmo autor faz dos códices manuscritos do Mosteiro de Alcobaça, corrigindo erros de anteriores inventários (ibid, Tomo V, 1793, pp. 297-362), a breve notícia de Frei Joaquim Forjaz sobre a descoberta, no Convento da Graça, de memórias inéditas de Diogo do Couto (ibid, Tomo I, 1792, pp. 339-343), ou ainda as diversas memórias de João Pedro Ribeiro sobre fontes históricas das ordenações e do direito civil e canónico português. Igualmente relevantes são as memórias de António Caetano do Amaral sobre a história da legislação e costumes em Portugal.