Durante as três décadas em questão, a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) passou naturalmente por várias fases. Com o Vintismo, procurou adaptar-se aos desafios da primeira experiência liberal, contribuindo para o debate público sobre a convocação de Cortes, mas a sua natureza institucional e financiamento foram criticados em sessão do Soberano Congresso de 9 de Janeiro de 1823. Continuou a desenvolver intensa actividade de publicação de fontes e de memórias, embora já sem o brilhantismo e a pujança de outras eras, as das Memórias Económicas... e das Memórias de Literatura...
Com a morte de António Ribeiro dos Santos (1818), António Caetano do Amaral (1819) e José Francisco Correia da Serra (1823) e a partida de João Pedro Ribeiro para o Porto, a Classe de literatura portuguesa ficou mais pobre, sobretudo no que toca a membros fundadores ou elementos que tivessem dinamizado o que se pode considerar como a época áurea da ACL, a nível de fontes e de estudos históricos (1789-1814). A classe continuava, porém, a contar com outros membros de destaque, figuras de historiadores e de eruditos como Frei Francisco de São Luís, o lente de Diplomática Francisco Ribeiro Dosguimães, Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato e Joaquim José da Costa de Macedo, os quais integravam várias comissões de história. Sobretudo Sebastião Francisco de Mendo Trigoso, director da Colecção de Notícias para a História e Geografia das Nações Ultramarinas, procurou prolongar o espirito inquisitivo dos trabalhos de Ribeiro dos Santos e de Francisco Borja de Garção Stockler sobre os descobrimentos portugueses, no que foi secundado por alguns trabalhos isolados de Costa de Macedo.
Dosguimarães prosseguia, no rasto de João Pedro Ribeiro, as aulas de Diplomática na Torre do Tombo (onde teria Alexandre Herculano como aluno), Trigoso de Aragão Morato prolongava o espírito de estudo erudito das instituições portuguesas e figuras como Frei Francisco de São Luís e D. Francisco Alexandre Lobo estudavam a temática da língua e literatura nacionais, centrais na própria definição do objecto da ACL. Outra linha de investigação, a das fontes e instituições jurídicas e legislativas, foi alvo do entusiasmo de João Pedro Ribeiro e de José Anastásio de Figueiredo.