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Consideremos agora a sua produção dedicada a Portugal, país onde o estudioso veneziano passou os anos de 1819 e 1820. Durante a sua permanência em Portugal, e graças às boas relações com as autoridades portuguesas – particularmente, com os representantes da regência –, teve a oportunidade de visitar grande parte do país e aceder aos arquivos espalhados pelo reino, podendo assim trabalhar com importante e antiga documentação, o que lhe permitiu realizar um extraordinário enriquecimento de dados para o seu enorme esforço estatístico, que resulta superior a todas as outras estatísticas do tempo na descrição das reais condições – antigas e recentes – do reino de Portugal. Com certeza, quem muito ajudou Balbi na realização dos ensaios estatísticos foi Alexandre Vandelli, director da Intendência Geral de Minas e Metais do Reino, “un des meilleurs chimistes portugais” na opinião do geográfo veneziano, filho do célebre Domenico Vandelli, fundador em 1772 do jardim botânico de Coimbra. Devido ao campo de estudo investigado por Balbi, é muito provável que o seu caminho se tenha cruzado com o de outro estudioso de estatística e geografia de origem italiana. Referimo-nos a Marino Miguel Franzini, antes deputado nas Cortes Constituintes de 1821-1822 e depois nas ordinárias de 1822-1823. Intelectual que sempre gozou de grande reputação no ambiente liberal, nessa mesma altura trabalha sobre assuntos muito parecidos com os de Balbi, tendo começado desde cedo a publicar vários estudos, não exclusivamente dirigidos às estatísticas sobre a população portuguesa (de 1825 é a primeira edição do Almanach Portuguez ). Balbi permanece em Lisboa numa fase crítica e animada para a sociedade portuguesa, ao longo da qual se afirma o projecto político vintista. Segundo Isabel Nobre Vargues, “a Balbi, que se interessou pela defesa da nação portuguesa, devemos a o Essai statistique, um dos mais interessantes textos científicos e culturais sobre o Portugal vintista, construído a partir das generosas e solidárias informações que lhe foram fornecidas pelos intelectuais e altos responsáveis das várias instituições a que recorreu”. Como reconhece o historiador francês Albert Silbert, o Essai, verdadeira enciclopedia sobre o país, “est par excelence une «source». Mais Balbi a en outre fait un travail d’historien”. |
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