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A obra de Balbi é importante também pelas considerações de carácter político. Por exemplo, o Essai statistique dedicado (como pro forma) a D. João VI, típico trabalho de erudição pluridisciplinar, onde a história coabita com outros domínios do conhecimento, não desprovido de defeitos e imperfeições, é sem dúvida lisonjeiro para com o novo sistema político que se define aquando da sua estadia no país. De fácil compreensão são as motivações entusiásticas que se manifestam sobretudo nas primeiras páginas da obra: a disponibilização, pelo novo governo de documentos e dados úteis à definição da estatística da população, do comércio e de outros âmbitos socioeconómicos. Trata-se de dados guardados quase secretamente até 1820 (como afirma o próprio Balbi na introdução de Della popolazione del Portogallo dall’Epoca dei romani ai tempi nostri) revelados graças à mudança de mentalidade que o novo regime liberal traz consigo, embora num contexto facilitado pela corrente situação internacional (“D'ailleurs nous comprenions bien que dans un moment où les regards de toute l'Europe étaient fixés sur le Portugal, il était plus facile qu'on accueillît favorablement les tentatives faites par un géographe italien pour faire connaître cet intéressant pays”). É evidente que Balbi considera tudo isto como demonstração da legitimidade e justeza do novo curso político do país; o desenvolvimento das suas instituições na nova representação constituinte é cunho de fecundidade e progresso da regenerada sociedade lusitana, que passa antes de tudo pela separação dos três poderes do Estado; eis o reconhecimento da indispensável função das Cortes. Eis, então, que o autor veneziano (ou melhor “un figlio dell’Italia”, como se designa ao longo do texto) manifesta simpatia pelos valores do novo regime político, no reconhecimento do seu estatuto de plena e moderada expressão da vontade popular. |
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