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Mas o discurso vai para lá desta ideia, em busca de uma (neste caso, discutível) robustez científica: é na “qualidade” que apresenta a população activa das duas áreas que está a argumentação desta prerrogativa, deste direito irrenunciável. E só reconhecendo este elemento como dirimente que se pode avançar para a discussão de outros campos e problemas, mais próximos do plano escorregadio do discurso político, como ele próprio faz: “l’histoire de la dernière guerre a démontré clairement la nullité politique du Brésil pour aider le Portugal à secouer le joug étranger” (p p. 54-55). É em Portugal, e nomeadamente em Lisboa, que se concentra a maior quantidade – com maior “qualidade” – de população activa de súbditos da coroa, facto que torna o lado continental no centro “moral e político” da monarquia: “La force de la monarchie n’est pas dans le sol, mais dans les hommes; tandis que le Portugal compte trois millions d’habitans, tous Portugais, le Brésil n’en compte pas un million: encore ce million, s’il existe, est environné de plus de dixhuit cent mille esclaves et d’un million d’indigènes et de mulâtres, qui, au lieu d’augmenter sa force, le diminuente considerablement par l’état précaire où le retient la crainte des révoltes. C’est donc le Portugal et non le Brésil qui est le véritable centre moral et politique de la monarchie portugaise” (pp. 58-59). É esta população activa que garantiu a defesa do território aquando da invasão francesa, tendo ainda viabilizado uma organização militar própria, um exército próprio, o que Balbi considera uma tarefa de difícil realização num país escassamente povoado como o Brasil. É ainda esta população que garante, naqueles tempos, uma certa vida portuguesa no Rio de Janeiro, com a manutenção de uma corte numerosa e faustosa, que se distingue pelas suas enormes despesas. Trata-se de uma análise que, embora possa parecer irrepreensível em certos sentidos, em muitos outros patenteia fraquezas dedutivas, soberbamente polarizadas no seu engano conclusivo: “ … il est plus facile que le Portugal soit perdu pour la monarchie, le roi étant au Brésil, que d’en voir séparer le Brésil, le roi résidant à Lisbonne ” (p. 65). Como a história tem demonstrado, o regresso de D - João VI a Lisboa constitui u o prólogo daquele acontecimento tão esconjurado, e mesmo acelerado pela escolha do soberano português. |
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