A própria história das edições francesa e portuguesa da Geschichte von Portugal é muito interessante, pois revela diferentes formas de receber e divulgar um trabalho historiográfico estrangeiro, resultando em diferentes produtos editoriais. O que, naturalmente, vai influenciar o modo como a posteridade avalia o valor de Schaefer enquanto historiador. Logo em finais de 1839, depois da publicação do segundo volume (o qual abarcava o período dos descobrimentos portugueses do século XV), já são detectáveis alguns sinais de impacte da obra de Schaefer junto de editores franceses e da comunidade intelectual portuguesa em Paris. Alguns factos dispersos provam-nos que, na capital francesa, um diplomata (o visconde da Carreira) e um historiador (o visconde de Santarém) se ocupavam de vários aspectos da edição em francês e em português da Geschichte von Portugal. A tradução portuguesa da obra estava a ser realizada pelo visconde da Carreira, representante diplomático em Paris, com notas e aditamentos de Santarém, segundo uma carta de 26 de Outubro de 1839, dirigida por Carreira a Joaquim José da Costa de Macedo, secretário da Academia das Ciências de Lisboa (Colecção Particular).

Numa outra carta de 28 de Fevereiro do ano seguinte, 1840, dirigida por Santarém ao seu sobrinho, o 8º conde da Ponte, informa-nos o primeiro que «Fiz mais de 150 notas e observações para as traduções portuguesa e francesa da História de Portugal escrita ultimamente em alemão por Schaefer» (Visconde de Santarém, Correspondência..., vol. VI, p. 46). A edição em francês sairia no decorrer desse ano e nela são visíveis anotações que eventualmente poderão ter sido produzidas por Santarém: por exemplo as que se referem a D. Duarte, às suas obras e à recensão que sobre a mesma fizera, anos antes, Cândido José Xavier. Sucede, porém, que tais anotações não estão assinaladas com sendo da autoria do português. Tanto quanto se sabe, nunca chegou a ser impressa a edição portuguesa, parisiense, da obra de Schaefer.

A edição francesa do primeiro volume da Geschichte von Portugal, publicada em Paris em 1840 por Parent-Desbarres contém particularidades curiosas. A primeira, a de reunir num só volume o material dos dois primeiros volumes da edição alemã (que abarcava o período de 1095 a 1495), deixando de fora, porém, o reinado de D. João II (1481-95). A segunda, a inclusão de uma nota da autoria do visconde de Santarém, respeitante à importantíssima localização do manuscrito da Crónica da Guiné, de Gomes Eanes de Zurara. A terceira, o facto de prescindir dos prefácios originais. A última, a má qualidade da tradução (por Soulange-Bodin), que seria acusada pouco cuidada.

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