Já em 1838, num pertinente olhar sobre a imprensa periódica da altura, Alexandre Herculano destacou a Revista Literária do Porto, primeiro exemplo dum género que começava a surgir. Na sua visão, baseando-se na evolução da imprensa no resto da Europa, preconizava que o modelo de jornal popular, como O Panorama, com a sua função social, viria, após cumprida a sua missão de difusão de conhecimentos, a extinguir-se ou a tornar-se ele mesmo uma revista. É que, se o modelo de jornal popular era o oposto ao das revistas cientificas e literárias em voga no século XVIII (mas mantendo algumas características), as revistas literárias oitocentistas conseguiriam conjugar os dois modelos, reflectindo assim a mudança operada (ou esperada) na sociedade portuguesa (O Panorama, nº 76, p. 326, 1838). Poder-se-ia, porventura, discutir se o modelo de jornal filiado n´O Panorama se extinguiu de facto ou se se modificou (Alexandre Herculano. Jornalista, p. 64), mas o mercado literário nacional, com diferentes preocupações e com uma renovação geracional a partir da década de 1860, veio a privilegiar novos formatos, como por exemplo as revistas ilustradas em que se destacava a imagem (O Ocidente, 1878-1914), dando maior ênfase à vertente lúdica e recreativa (S. C. Matos, Historiografia e memória nacional no Portugal do séc. XIX, pp. 146-147). Características estas que não estavam, de todo, ausentes d´O Panorama...
O impacto que O Panorama teve foi tão expressivo que este seria recordado, anos após a sua extinção, por outras figuras da cultura portuguesa. Como bem notou António Manuel Ribeiro, o jornal popular da década de 1830 foi visto com admiração e respeito por Ramalho Ortigão, Joaquim de Araújo, Teófilo Braga, Sampaio Bruno e Oliveira Martins. Inclusivamente, O Panorama honra de ser mencionado na ficção oitocentista , como em Eusébio Macário de Camilo Castelo Branco ou na obra de Eça de Queiroz, A Ilustre casa de Ramires (O periodismo cientifico e literário Romântico, pp. 74-75).
Refletindo um ideal, este jornal popular imprimiu um modelo na sua altura, servindo de referência a outros jornais. O Panorama constitui actualmente uma fonte histórica riquíssima para várias áreas de estudo (história, literatura, imprensa, sobre o romantismo, entre outros). Todavia, não deixa, ainda nos dias de hoje em que a informação é de acesso fácil, de apresentar-se como uma leitura útil e bastante interessante tendo em conta a sua diversidade temática.