Veremos em décadas posteriores (1870 em diante) a ideia da educação novamente recuperada, servindo como promotora do desenvolvimento social, embora com outras matizes. De qualquer forma, a educação proposta pelo romântico concedia um relevo importante à divulgação e evocação do passado, do seu culto portanto, dando forma a uma nova identidade nacional, num período de formação do Estado-Nação. Constituindo uma das principais características deste movimento cultural (L. R. Torgal, História da História em Portugal, p. 39), foi uma componente chave nos conteúdos divulgados pelo Panorama. É por isso que este jornal é consensualmente referido como um importante marco do movimento cultural romântico, tanto por ter sido um dos primeiros jornais verdadeiramente românticos (se não mesmo o primeiro), quer pelo inestimável contributo que teve na sua divulgação (J. Tengarrinha, Nova história da imprensa em Portugal, p. 558).
Com um custo de $25 avulso, mas com a possibilidade de assinaturas anuais, semestrais ou trimestrais, os promotores da Sociedade mantinham o custo de aquisição baixo, de forma a chegar ao maior público possível - entenda-se, as classes mais baixas. O modelo de custo reduzido, e não só, tinha clara inspiração na impressa estrangeira, em particular a britânica, com o The Penny Magazine, da Society for the Diffusion of Useful Knowledge, criada em 1826 (facto assumido pelos redactores, O Panorama, nº 36, p. 1). Na verdade, adoptou-se, inicialmente, o mesmo formato do jornal inglês: duas colunas, tendencialmente com oito páginas cuja numeração seria contínua nos números posteriores (modelo em fascículo para fazer colecção). A primeira página continha uma ilustração que dava o mote para o artigo principal desse número, seguindo-se outros pequenos artigos com ou sem ilustração sobre temas variados. As ilustrações reproduzidas no jornal foram, pelo menos inicialmente, quase sempre de origem estrangeira. As gravuras em madeira, método mais eficaz na altura de colocar imagens no meio do texto, eram uma arte ainda com pouca prática em Portugal, daí que Herculano tivesse que optar por adquirir estas gravuras a fornecedores estrangeiros e a elevado custo (Alexandre Herculano. Jornalista, p. 42).