O sucesso d´O Panorama parece ter sido imediato. No nº 7, num artigo escrito por Herculano, "Galicismos", o redactor deu a notícia de que já no nº 5 a tiragem tinha atingido o significativo número de 5000 exemplares, "caso único em a história das publicações periódicas em Portugal". Comparativamente com a sua inspiração inglesa, o jornal português era consideravelmente menor em termos de tiragem, pois o The Penny Magazine em 1837 tinha ascendido aos 300.000 exemplares (Alexandre Herculano jornalista, p. 26). Contextos populacionais e públicos diferentes portanto. Tão diferentes que, após um ano em circulação, os redactores tiveram de adoptar uma nova estrutura do jornal. Num balanço anual, e após compreender a recepção por parte do público, Herculano estabelecia um novo formato, não sem antes traçar um «diagnóstico» do público leitor português destes tipo de jornais "populares", dividindo-o em três classes: "a primeira é a dos que pertendem [sic] só instrução, sem lhes importar a forma (...) são estes poucos; a segunda classe, que é a mais numerosa, consta daqueles que gostam de instruir-se recreando-se; a terceira enfim, é formada pelos que só na leitura buscam passatempo para matar o tempo (...) doentia é a compleição moral destes, difícil a sua cura; mas por isso mesmo nãos os devemos abandonar: com o uso de ler, porventura adquirirão o amor dos conhecimentos mais solidos, ou pelo menos tomarão a leitura por habito, e na falta de coisas superficiais, alguma vez recorrerão a escritos mais instrutivos e profundos" (O Panorama, nº 36, p. 1, 1837). Estávamos assim perante um mercado de leitura com limitações, quer ao nível da dimensão do público como dos seus interesses. Não é por isso de admirar que muitas outras iniciativas editorais da mesma altura não tivessem longevidade.
Que estrutura foi delineada pelos redactores para tal fortuna do jornal? Como vimos, Alexandre Herculano tinha procurado dar a sua interpretação dos vários tipos de leitor existentes à época. A opção tomada foi relativamente simples: dividir cada número em duas partes relativamente distintas; ou seja, manteria a estrutura prévia, mas reformulando-a. A primeira incluiria artigos mais extensos, com temáticas mais profundamente analisadas e subordinadas às áreas das ciências naturais, temas históricos, geografia, topografia, monumentos, economia, literatura, entre outros. A segunda incluiria artigos mais breves, com linguagem mais acessível e sobre temas que pudessem, oportunamente, interessar a um público mais vasto. A «ciência» não estaria ausente destes breves textos, mas seria vocacionada para, julgamos nós, preocupações mais prementes. Começamos a encontrar igualmente curiosidades e também anedotas.