Foram poucos os jornais que conseguiram um público relativamente assegurado e que lhes desse alguma longevidade, exceptuando talvez os casos d´O Panorama, o Arquivo Popular, Biblioteca Familiar e Recreativa (1835-42), O Recreio (1835-41) e O Ramalhete (1837-44) (Intelectuais Portugueses na Primeira Metade de Oitocentos, p. 167). Inclusivamente, e como é noticiado, O Panorama conseguiu alcançar, com aparente sucesso, as populações fora dos grandes centros urbanos, constituindo a sua leitura pública um elemento de assembleia nas povoações mais pequenas (O Panorama, nº 192, p. 2, 1841). Chegou a atravessar o Atlântico sendo lido nos Açores, Madeira e Brasil, contando com figuras deste último como colaboradores, como por exemplo Francisco Adolfo de Varnhagen (O Panorama, nº 1, p. 1,1842). Convém no entanto realçar que apesar duma manifesta adesão à leitura deste jornal, surgiu, via Espanha, um ataque ao (baixo) nível cultural português. O artigo não é elucidativo quanto aos autores e ao periódico que esboçaram a crítica. Os redactores d´O Panorama prontamente repudiaram tais conclusões, assumindo, mesmo assim, que ainda faltava trilhar um longo caminho para que Portugal pudesse alcançar os níveis de instrução de outras realidades europeias (Idem, p.2).
Se as páginas d´O Panorama eram lidas no estrangeiro, estas apresentavam igualmente elementos fora de Portugal. São recorrentes os artigos sobre cidades estrangeiras (principalmente da Europa e na maior parte dos casos numa perspectiva histórica), monumentos célebres (por exemplo, "Grande muralha da China", nº 53, p.417, 1853) notícias breves de eventos actuais (por exemplo, "Estado actual da Grécia, nº13, p.101,1837) e, de forma surpreendente e quase sempre com ilustrações, apresentou elucidativos quadros de fauna e flora de outros continentes. O Panorama constituía um excelente veículo para conhecer outros contextos.
A vida d´O Panorama decorreria com normalidade até 1839, ano em que Alexandre Herculano fez publicar o último número enquanto redactor principal, despedindo-se numa pequena nota (nº 115, p. 221, 1839), saindo para ir ocupar o cargo de Director das Bibliotecas Reais da Ajuda e Necessidades, após nomeação do rei D. Fernando. Terminava, assim, a sua passagem pelo jornal.