Vários foram os exemplos de romances-folhetins (género por vezes criticado por uma parte duma elite intelectual, exigentes por um certo tipo de qualidade) nas páginas d´O Panorama, tendo Alexandre Herculano dado um importante contributo (com, por exemplo, "Arras por foro de Espanha", que começaria a ser divulgado no nº 236, p. 356, 1841, e que constaria mais tarde, em 1851, em Lendas e Narrativas). No entanto, a apresentação de pequenos romances, trechos de textos maiores e partes de peças de teatro, era sem dúvida uma estratégia utilizada pelos directores dos jornais como forma de cativar público, como inclusivamente servia para perceber a receptividade deste, de forma a saber se valeria avançar para a publicação posterior do livro («A elite intelectual e a difusão do livro nos meados do século XIX», p. 544).
A crítica serviu o mesmo propósito - como mediadora do mercado livreiro -, não podendo ser descurado que os jornais se apresentavam como um meio importantíssimo para a sua expressão. Neste sentido, a crítica a trabalhos de vária índole, romance, historiográfico, entre outros, não se encontrou ausente d´O Panorama (para uma visão da crítica na imprensa e não só veja-se (S.C. Matos, Historiografia e Memória Nacional no Portugal do séc XIX, pp. 147-150). Pelo contrário, são vários os exemplos, como Alexandre Herculano em torno da obra Castilho, Quadros históricos de Portugal (1838) (O Panorama, nº 68, 1838, p. 263). A crítica ou recensão expandiu-se - de forma não só noticiosa - ao mercado periódico, dando nota de outras publicações, inclusivamente concorrenciais, como a anteriormente referida Revista Universal Lisbonense, e que na cuidada escrita se referia que "e se a tanto nos podemos atrever considerá-lo-emos como complemento do nosso" (O Panorama, nº 23, p. 184, 1842).
Passados dois anos da interrupção, em 1846, voltamos a ver O Panorama disponível ao público, através da iniciativa do tipógrafo-editor António José Fernandes Lopes (que também viria a lançar a Ilustração Luso-Brasileira. Jornal universal, entre 1856-59). O intuito, tal como o encontramos explanado logo no primeiro número, era o de recuperar um dos grandes exemplos de ilustração que tinha havido no periodismo português recente, mantendo a estrutura predecessora, "Este jornal compor-se-á, como d´antes, de tudo que se julgar de préstimo em descobrimentos científicos, em aperfeiçoamentos de industria, e nos inventos em arte, a par das novidades notáveis. Sem ser rigorosamente noticiador acompanhara o andamento do século em todos os seus aspectos" (O Panorama, nº 1, 3ª série, p. 2, 1846). Tinha-se como objectivo lançar cerca de 52 números anuais, contudo, vindo a lume em Setembro, sofreu frustrações inerentes ao novo conflito em marcha, a Guerra da Patuleia. Só em 1852 é que alcançaria os números anuais pretendidos, publicando regular e sistematicamente desde então.