O primeiro número veio a lume em Maio de 1837, como órgão da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis. Formada por acções, funcionando, assim, numa lógica de lucro, contando com um capital inicial de 10 contos de reis, divididos em 2000 acções, a Sociedade contou entre os seus accionistas iniciais a Rainha D. Maria II, sendo tal facto merecedor de divulgação no Índice ao primeiro volume (1837). A primeira escolha para redactor principal tinha recaído sobre António Feliciano de Castilho. Este declinou o convite, sugerindo para o seu lugar Alexandre Herculano, que no ano anterior tinha-se demitido do cargo de bibliotecário da Biblioteca Pública do Porto, vindo a acumular n´O Panorama as funções de director, chefe de redacção e de paginador até 1839 (J.Baptista, Alexandre Herculano jornalista, pp. 23-24).
É no 1º número d´O Panorama que encontramos explanados os intuitos programáticos, agora mais desenvolvidos, numa "Introdução" pela pena de Herculano (sobre forma de anonimato, opção adoptada pelos promotores para os redactores), "Neste estado, pois, da ilustração e do progresso, o que mais importa é o dilatar por todas as nações, e introduzir em todas as classes da sociedade o amor da instrução, porque este é o espirito do nosso tempo, e porque esta tendência é generosa e útil." (...) "A nação portuguesa, cumpre confessa-lo, é uma das que menos tem seguido este movimento progressivo da humanidade. No nosso povo ignora imensas coisas que muito lhe importava conhecer, e esta falta de instrução sente-se até nas classes, que, pela sua posição social, deviam ser ilustradas. Entre os mesmos homens dados às letras, se acha falharem repetidas vezes, as noções elementares de tudo o que não é objecto do seu especial estudo, e a ciência em Portugal está ainda longe de ter aquele caracter de unidade, que ganha diariamente no meio de outras nações" (...) "Assim a Sociedade Propagadora dos conhecimentos uteis julgou dever seguir o exemplo dos países mais ilustrados, fazendo publicar um jornal que derramasse uma instrução variada, e que pudesse aproveitar a todas as classes de cidadãos, acomodando-o ao estado de atraso, em que ainda nos achamos. Esta nobre empresa será por certo louvada e protegida por todos aqueles, que amam deveras a civilização da sua pátria" (O Panorama, nº 1, p. 2, 1837).