A 15 de janeiro de 1929, com a direcção de Lucien Febvre (1878-1956) e de Marc Bloch (1886-1944), ambos professores na renovada Universidade de Estrasburgo, com edição da Armand Colin, surgem os Annales d’histoire économique et sociale (1929-1938) título que variará ao longo dos anos da sua publicação: Annales d’histoire sociale (1939-1941), Mélanges d’histoire sociale (1943-1944), Annales d’histoire sociale (1945), Annales. Économies – Sociétés – Civilisations (1946-1993), Annales. Histoire, Science Sociale desde 1994. Mudanças fortuitas, dirá Lucien Febvre, de um periódico que ficará sempre conhecido como Annales. Publicação que se tornou numa referência para inovações metodológicas e temáticas que desde então os historiadores foram introduzindo na história, na arquitectura e no discurso histórico. Aí nasce a mais tarde denominada Nova História, designação talvez pouco correcta, mas que importa por assinalar o definitivo abandono do positivismo e do eventualismo bafientos.
Que aí procuravam – e assim se lê logo na apresentação da revista pelos seus directores – acabar com o cisma entre passado e presente e entre os vários estudos de períodos consagrados pelas práticas historiográficas. Mais. O conhecimento do passado precisava (e exigia) o estudo do presente, como o conhecimento do presente necessitava (e impunha) o estudo do passado. A revista seguia e aprofundava as pisadas abertas por Henri Berr e pelo movimento que se concretizou na Revue de Synthèse (a partir de 1900) e pela obra do historiador belga Henri Pirenne (1862-1935), como também pelas de companheiros como Henri Hauser, Georges Lefebvre, François Simiand e Maurice Halbwachs. E outros. E não necessariamente historiadores, mas psicólogos, sociólogos, antropólogos, economistas, geógrafos, e em geral cultores de todas as disciplinas das Ciências Sociais.
Para além dos artigos que iam acolhendo ou solicitando, os Annales mantiveram uma cuidadosa e atenta recensão crítica dos livros que estavam sendo publicados, e não apenas de história. O que era indispensável para bem sustentarem os princípios de alargamento às ciências sociais que se afirmavam indispensáveis na publicação. Nessa secção da revista, mais do que em qualquer outra, tratavam os seus directores e os redactores ou os recenseadores encarregados de defender o que entendiam pela história que deveria ser investigada e escrita.