Embora: Virgínia Rau, pioneira nos estudos de história económica na universidade portuguesa, deu sempre mais atenção aos aspectos comerciais e mesmo financeiros do que a outros campos da história económica que se supunha cultivar. Torna-se evidente nos seus trabalhos (sobretudo nas inúmeras migalhas documentais que compôs depois de alcançada a cátedra em 1951), que não ignorava a colecção parisiense “Ports-Routes-Trafics” da Armand Colin (com edição da École Pratique des Hautes Études desde 1951), que utilizava para boa ornamentação dos seus escritos: F. C. Spooner, Vicens Vives, Magalhães Godinho, Fernand Braudel, Frédéric Mauro, Jean Meuvret, Earl J. Hamilton, Gentil da Silva, Henri Lapeyre, Charles Verlinden, Raymond de Roover, J. Trocmé e M. Delafosse, tudo gente dos Annales ou próximos das correntes historiográficas modernizadoras – para além dos mais antigos cultores da história económica, Jan Denucé (sobretudo) e J. A. Goris, além de muitos outros. Como bem se confirma pelo catálogo do leilão dos livros que lhe tinham pertencido (Oliveira, Catálogo). Sendo conhecida nos meios historiográficos estrangeiros onde comparecia quando havia encontros de destaque. Pela certa não terá sido por acaso que colaborou nas Mélanges en l’honneur de Fernand Braudel. Histoire économique du monde méditerranéen 1450-1650.
Na mesma linha e mesmo mais próximo dos problemas e questões, como dos interesses da história económica e social como era defendida pelos Annales, situa-se a obra de Jorge Borges de Macedo, pelo menos a partir dos anos Sessenta, quando terá dado uma especial atenção aos problemas de método na história económica decorrentes das obras de Lucien Febvre, Fernand Braudel e Jean Meuvret que expressamente cita na bibliografia da sua dissertação de doutoramento (Macedo, Problemas, 1963, p. 360). E que não deixaria de referir e de fazer estudar nas suas aulas, muito especialmente da cadeira denominada Teoria da História. A. H. de Oliveira Marques também se mostra atento ao que vai saindo desses meios franceses relacionados com a nova forma de pensar e de construir a história. Por isso lhes são familiares Renée Doehard, Jan Craeybeckx, Charles Verlinden e Michel Mollat além de outros autores medievistas que enriquecem a problemática dos seus estimulantes Ensaios de História Medieval Portuguesa e que não deixariam de imergir nas suas aulas – nos poucos anos em que o salazarismo lhe permitiu ensinar em Portugal.