Nela se procurava dinamizar uma actualização da história que se estava escrevendo e ensinando. Como seria de esperar com actividades fortemente condicionadas pelo governo. Grupo que de algum modo estava relacionado com a Revista de Economia (1948-1964). Mas apesar de tudo, essas válvulas de respiração intelectual vão fazendo o seu caminho, e provocando o suscitar de vocações e interesses renovados. Em ligação com a revista dirigida então por Lucien Febvre. É o próprio Magalhães Godinho que afirma: “Considero-me vinculado ao grupo dos “Annales”, não apenas por ser seu colaborador e ter sido um dos fundadores da Association Marc Bloch [em Paris], mas sobretudo porque o liga uma atitude anti-dogmática, com base no humanismo científico.” (Godinho, Ensaios III, p. 274).
Modernidade que mesmo na Espanha franquista ocorria – de que um bom exemplo se mostra nos historiadores como Jordi Nadal (1929), Joan Reglá (1917-1973) e Josep Fontana (1931) reunidos em Barcelona no Centro de Estudos Históricos Internacionais em torno de Jaume Vicens Vives (1910-1960) – relacionados com Febvre e Braudel e com os Annales. Segundo Pierre Vilar, Vivens Vives era um mestre incontestável e infatigável animador de estudos (Annales, année 1954, vol. 9, nº 2, pp. 262-264). Devem-se-lhe, além de outras obras Aproximación a la historia de España (1952) e a direcção da Historia social y económica de España y América (1957-1959). Não só. Em outros centros espanhóis a mesma influência francesa se sentiu através de Felipe Ruiz Martin (1915-2004), de Valentín Vázquez de Prada (1925), de Gonzalo Anes Álvarez (1931-2014) (discípulos directos de Braudel em Paris) e de Antonio Domínguez Ortiz (1909-2003), entre outros.
Na Faculdade de Letras de Lisboa, que se mantinha na tradicionalista e boa rota governamental sem notadas hesitações, as coisas não seriam diferentes nem pareciam com tendência a mudar. No entanto, e muito lentamente, alguma actualização ia fazendo o seu caminho: Virgínia Rau (licenciada em 1941, doutora em 1946) conhecia – mas não seguia – os exemplos mais complexos e mais ricos da literatura que tinha entre mãos. Muito bem informada, dispunha das obras mas não se observa que acompanhasse os autores nas suas pesquisas pois se os cita com alguma frequência – não se segue que os tome como exemplo e se inspire nos problemas e temáticas que levantam.