No universo dos historiadores que contribuíram para os avanços da Historiografia Militar é forçoso mencionarmos o antigo capitão Gastão de Mello de Matos (1890-1971), uma figura grata à Historiografia do Estado Novo, especializando-se no período histórico da Restauração, especialmente nas suas vertentes militares. Se existe uma obra de História Militar que continua a ser o manual de estudo dos alunos nos institutos, escolas e academias militares nacionais será, com toda a certeza, o Portugal Militar. Compêndio de História Militar e Naval de Portugal desde as origens do Estado Portucalense até ao fim da Dinastia de Bragança (1931, 1936; 1991, 1994, 1999, 2006), da autoria de Carlos Selvagem, o pseudónimo literário de Carlos Tavares de Andrade Afonso dos Santos (1890-1973). Esta obra tentou responder às necessidades formativas dos oficiais em todas as Armas, respondendo aos apelos do Ministério da Guerra (1926); mas, apesar do seu pendor nacionalista, ainda assiste a uma procura expressiva pelo grande público. Carlos Selvagem, uma alcunha dos tempos do Colégio Militar, foi governador no norte de Moçambique durante a Primeira Guerra Mundial e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, e redigiu outros títulos como A batalha de La Lys e o Marechal Gomes da Costa (1963) ou D. João IV e as Guerras da Restauração, os Generais e os Diplomatas, as Letras e as Artes (1972).
Também no discurso historiográfico da Arqueologia Militar recorde-se o entusiasmo do tenente-coronel Afonso do Paço (1895-1968), um dos mais venerados arqueólogos. Numa outra linha e retomando a tradição dos trabalhos arquivísticos, imprescindíveis aos progressos historiográficos, na senda de Cláudio Bernardo Pereira de Chaby, encontram-se os trabalhos do coronel Horácio Madureira dos Santos (1900-?), director do Arquivo Histórico Militar. Nesse sentido, as suas pesquisas são impreteríveis para o estudo da Restauração de 1640-1668, como se depreende do «Catálogo dos Decretos do extinto Conselho de Guerra na parte não publicada pelo general Cláudio de Chaby» (1958); Cartas e outros documentos da época da Guerra da Aclamação (1973); Decretos do extinto Conselho de Guerra: índice geral onomástico e complemento ao aditamento do catálogo dos decretos existentes, por cópia (1977).
Aludindo às panorâmicas historiográficas vigentes até aos finais da década de 1970, já num contexto democrático, e no que respeita às personalidades e rumos gerais da Historiografia Militar, há que mencionar a profunda influência académica do general Luís Maria da Câmara Pina (1904-1980).