No entanto, essa tendência foi ultrapassada, envolvida no movimento de ampliação dos interesses e dos instrumentos da história e ajudada também por uma certa «moda» da temática militar, particularmente notada a partir de setenta, e que o interesse dos recentes conflitos do Golfo Pérsico e da ex-Jugoslávia – evidenciando a importância dos condicionantes culturais e o papel, por via da intervenção mediática, da influência da opinião pública na própria sequência da guerra – fez aumentar bastante. A prova disso é o revigoramento, sentido a um nível internacional, desta área do saber histórico, agora abastecida de novos procedimentos metodológicos e desenvolvendo um proveitoso comércio com outras áreas do conhecimento” (Rui Bebiano, «Sobre a Historiografia…», 1992, 301-302).
Por fim, e para tempos mais recentes, é inevitável assinalar os historiadores que renovaram a Historiografia Militar, tais como o general Manuel Themudo Barata (1920-2003), o coronel Carlos da Costa Gomes Bessa (1922-2013) e o general Gabriel do Espírito Santo (1935-2014), sem omitir a elevada produção científica do general José Loureiro dos Santos, do general António Martins Barrento, do tenente-coronel António Lopes Pires Nunes, do coronel Luís Alves de Fraga, do coronel Aniceto Afonso e do coronel Carlos de Matos Gomes, não omitindo outros historiadores militares ou, num outro patamar, a relevância gradual dos historiadores civis, nomeadamente António Pedro Vicente, Fernando Pereira Marques, António José Telo e Nuno Severiano Teixeira,e não olvidando os trabalhos historiográficos de Rui Bebiano, João Gouveia Monteiro, Miguel Gomes Martins e outros intelectuais activos, os quais continuam a repensar a história e a Historiografia Militar em toda a sua vastidão conceptual.
No âmbito institucional, é imperativo aludir às múltiplas diligências da CPHM – Comissão Portuguesa de História Militar (1989), uma organização militar com desígnios académicos transversais a todos os ramos das Forças Armadas e aos meios universitários nacionais e internacionais. Detém um protagonismo incontornável na expressão e renovação da Historiografia Militar, em articulação com a actividade historiográfica universitária, gradativamente receptiva a estes campos de investigação. Neste sentido, refiram-se os colóquios e os congressos internacionais promovidos anualmente desde 1990, em consonância com a Comissão Internacional de História Militar (CIHM), marcados pela abordagem a novas facetas da História Militar em Portugal e na Europa, assim como à escala intercontinental.