Director da Revista Militar e membro de várias agremiações científicas, entre as quais a Academia Portuguesa da História, contribuiu para o cultivo da Historiografia Militar quando esta vertente historiográfica estava em franca estagnação, mas cujos testemunhos inverteram esse impulso: Jomini, grande senhor da Estratégia (1946); Relances de História (1969); «Da personalidade militar de D. Afonso Henriques» (1977); «A batalha de S. Mamede (24-VI-1128): subsídios para a sua história militar» (1978).
A História Militar tem sido, por regra, a área de actividade dos “militares historiadores”, anteriormente acusados de pouca sensibilidade metodológica e de não serem historiadores profissionais, mas apenas meros cultores da História Pátria. Os seus exercícios historiográficos tenderiam, por sua vez, ao impulso encomiástico, à exemplificação moralista e à metaforização excessiva. Tratava-se, efectivamente, de um modo de “fazer História” unicamente descritivo, sem problematizar especificamente o acontecimento ou o(s) indivíduo(s), per si.
Todavia, com o declínio dos padrões estruturalistas e marxistas no ‘ofício dos historiadores’ nos finais da década de 1970, multiplicar-se-ão as interlocuções interdisciplinares e institucionais, permitindo novas perspectivas teórico-temáticas relacionadas com os círculos da História Social e da Nova História Cultural. A ascensão de novas exigências historiográficas completamente distintas provocará uma quebra de identidade e afinidade entre a História Geral e a História Militar e, consequentemente, os historiadores privilegiarão os estudos militares, inclusive através de ópticas económico-sociais, prevendo uma especificidade e valorização académica crescentes: “Na verdade, durante décadas – em especial a partir das críticas da escola francesa lançada sobre a denominada história-batalha, e, de seguida, com o desprestígio do acontecimento e do político diante do estudo, predominantemente influenciado pelo marxismo, dos vestígios da chamada «cultura material» – falar de uma forma empenhada e sistemática de guerras e de batalhas, de chefes militares e de soldados, de castelos, fortalezas, espadas e canhões, do sofrimento e da glória dessa espécie que apenas o ímpeto dos combates produz, foi algo por vezes entendido nos meios universitários como «antiquado» ou mesmo «pouco científico», reservado a alguns excêntricos nostálgicos da velha historiografia positivista, ou então a simples e caricatos coleccionadores de factos.