Lúcio de Azevedo vem a falecer a 5 de Novembro de 1933. No dia 10 de Novembro, O Século inseria uma notícia necrológica de homenagem ao “eminente académico e erudito investigador histórico”, com um retrato do historiador. Mais apreciadora é também, apesar de breve, a notícia aquando da sua morte dada por Robert Ricard no Journal de la Société des Américanistes. Também a revista Nação Portuguesa lhe prestou sentida homenagem (fascículo III de 1933). O fascículo IV, de 1934, consagra-lhe uma notícia de nove páginas, assinada por Manuel Múrias, primeira apreciação global da sua vida e obra. E em 1934, numa sessão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, seria evocado como “o Capistrano de Abreu português”.

Jorge Borges de Macedo realçou a forma como J. Lúcio d’Azevedo renovou e aperfeiçoou a interpretação da história económica, chamando a atenção para a importância das condições económicas na história das sociedades, procurando adequar um novo vocabulário à sua exposição. Preparado pela leitura e recensão crítica aos autores estrangeiros e escorado nos exemplos de Alberto Sampaio no seu ensaio sobre “as vilas no Norte de Portugal” e de Costa Lobo sobre “a sociedade portuguesa no século XV”, Lúcio de Azevedo projectou as suas sínteses de história económica para Portugal na forma ou na noção de época. Sabemos bem como, na apresentação das sínteses, os historiadores lançam mão de quadros e de sequências e a noção de época tem o papel particularizador de chamar a atenção para o homem no tempo, para a conjuntura, para o que é específico do tratamento de especialista na análise do particular sem descurar o geral. Assim foi compreendido, na época, por Fidelino de Figueiredo (Revista de História, n.º2 Abril-Junho de 1912).

Subjacente à noção de época e para definir duas situações precisas, o Autor usou, também, a noção de ciclo ao falar da Índia e do “ciclo da pimenta” e, sequentemente e de uma forma compreendida por Vitorino Magalhães Godinho como adequada, do “primeiro ciclo do ouro”, sem esgotar com tal noção os recursos expositivos. Acresce que, na forma que lhe deu Lúcio d’Azevedo, e talvez pelo seu conhecimento da historiografia alemã em que surge a teorização do Ideal Typus, outra virtude sobressai: a exposição ensaística, a procura dos termos significativos entre os demais, perspectiva que não foi entendida por alguns críticos.

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