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Nessas notas retomava os temas que a revista abordara em anos anteriores ao fazer-se eco de uma conferência proferida por António Sardinha em Madrid, na qual este rebatera as teses de Spengler sobre a decadência do Ocidente, pondo o acento nos valores espirituais da raça ibérica, insistindo na distinção entre indivíduo e pessoa que o tomismo aprofundava e diferenciando os conceitos de vida de ingleses, de alemães e dos espanhóis para compreender os portugueses. Em termos civilizacionais e culturais, António Sardinha preferia usar o termo “hispanos”. Os articulistas espanhóis tinham apreciado as posições de Sardinha, e do mesmo apreço se fizera eco a revista fluminense A América Brasileira, dirigida por Elísio de Carvalho. Para Lúcio d’Azevedo, não se trataria de fazer reviver o Iberismo, mas de levantar, num abraço, os valores de cultura e de civilização hispano-luso-americana. Num esforço de clarividência, o autor esboçava a sua interpretação das posições de António Sardinha e dizia crer que alguns, como Sardinha, teriam visto na união peninsular a quimera do Império Universal. Assim compreendia que, no passado, D. Jerónimo Osório tivesse votado por Filipe II, mas sobre isso comentava que “o assêrto parece-me mais subtil que demonstrado”. E chamava à colação D. Francisco Manuel de Melo para julgar desapaixonadamente os motivos da Restauração de 1640, invocando, de novo, António Sardinha: “A experiência dêste género de hispanismo ficou feita, e racional e convencidamente afirma o propugnador da aliança peninsular, para nunca mais se repetir”. E continuava a citá-lo ao dizer que o pensamento político de Filipe II renascia, despertava do túmulo em que parecia cadaverizado, assumindo uma nova forma de Hispanismo, um novo Sebastianismo, um Quinto Império que englobaria as nacionalidades além oceano. Mas toda a problemática adquiria outra dimensão e outro sentido no debate entre culturas e civilizações à escala mundial, no século XX, na ânsia de preservar valores humanos, civilizacionais, espirituais. Essa procura era comum aos dois lados do Atlântico, depois de ser questão essencial e de sobrevivência em Espanha e em Portugal. Tratava-se de uma outra perspectiva e de uma outra dimensão, e para elas, sim, teria contribuído António Sardinha. |
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