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Falecido em 1973, o papel oficial que desempenhou no Estado Novo não impediu que uma boa parte da sua herança intelectual fosse bem acolhida pelas gerações que lhe seguiram. Os tópicos dos ensaios sobre o “carácter nacional” e mesmo sobre a expansão continuaram a encontrar recepção, insistindo-se no tema do encontro entre povos e culturas de que a última se revesteria e desvalorizando o seu significado enquanto empreendimento de poder e exploração imperial. A riqueza dos trabalhos sobre a vida rural tradicional, e em particular sobre a cultura material, foi reconhecida. Os estudos sobre Vilarinho da Furna e Rio de Onor, as primeiras e durante muito tempo as únicas monografias da sociedade rural portuguesa, exerceram um forte atrativo sobre antropólogos e sociólogos do campesinato depois de 1974, quando as ciências sociais se puderam desenvolver em Portugal – embora a imagem que transmitiam do comunitarismo fosse alvo de crítica, por não ter devidamente em conta a desigualdade existente. A própria implantação da democracia em 1974, com a sua revalorização do “povo”, também contribuiu para isso. Mas essa atracção ultrapassou os círculos académicos convencionais, sendo objecto de filmes – ambos de António Campos, Vilarinho da Furna de 1971 e Falamos de Rio de Onor, estreado em 1974 - em que o seu modo de viver tradicional é encarado com a maior simpatia. O comunitarismo atraíu os críticos da sociedade moderna e cada vez mais urbana, que proliferaram com a contestação anticapitalista, anticonsumista e a nostalgia pela vida em comunidade que se fez sentir com intensidade a partir de finais da década de sessenta do século XX (Sobral, O Outro aqui tão Próximo..., pp. 512-517). Também eles eram jovens rebeldes com muitas posições afins às que haviam outrora levado o antropólogo ao mundo rural. |
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