De facto, de 1980 em diante Teresa Amado destaca-se como uma das mais importantes investigadoras e conhecedoras da obra de Fernão Lopes, produzindo textos onde sistematiza muitos dos estudos existentes sobre o cronista e acrescenta a sua perspetiva próxima da filologia, como é o caso de Fernão Lopes. Contador de História (1991). Os seus contributos para uma sistematização da informação sobre a cronística medieval no Dicionário da Literatura Medieval (1993), juntamente com os de Luís Krus, permitem-nos ainda hoje estabelecer um ponto de situação mais seguro. Mas, destacam-se também, pela importância de que se revestem enquanto obras de análise aprofundada, os estudos de carácter mais historiográfico de João Gouveia Monteiro (Fernão Lopes. Texto e contexto, 1988) e de Margarida Ventura (O Messias de Lisboa. Um estudo de mitologia política, 1992). Nos últimos anos este cronista continuou a ser amplamente revisitado, regressando muitos dos investigadores às questões abertas pelos historiadores nos meados do séc. XX e sobretudo passando a olhar para os textos desse cronista como o resultado de uma produção politicamente comprometida. Luís de Sousa Rebelo, com a obra A concepção do poder em Fernão Lopes, de 1983, salientava precisamente esse ponto e influenciava um grande número de investigadores que, não o tendo já feito, abandonariam a noção de que aquele cronista registara a «verdade sem outra mistura», como o próprio afirmava e como muitos vinham ainda acreditando.
Também Zurara continuará a ser amplamente estudado por autores como Larry King, que procede à edição diplomática da Crónica do Conde D. Duarte de Meneses em 1978, Luís Filipe Barreto, Luís de Albuquerque, Humberto Baquero Moreno ou ainda Torquato Soares, que em 1981 edita a Crónica da Guiné. Por comparação, e embora Manuel Lopes de Almeida tenha procedido à edição de quase toda a produção desse cronista em 1977, a obra de Rui de Pina ou Duarte Galvão não receberiam a mesma atenção ao longo da segunda metade do séc. XX ou já no séc. XXI, excetuando alguns estudos em tempos mais recentes da autoria de Filipe Alves Moreira. Esse investigador, na linha de Lindley Cintra e Diego Catalán, foi de resto um dos que mais contribuíram para uma certa renovação dos estudos cronísticos neste século. Além do estudo aprofundado da Crónica de 1419 em 2013, que atribui a Fernão Lopes (entrando assim numa disputa que vinha desde os anos 40 e que permanece irresoluta), é notória também a sua procura pela Primeira crónica portuguesa (2008). Aí, seguindo a intuição de Cintra de que existiria um texto cronístico em romance anterior à Crónica de Portugal e Espanha de 1341-1342 e que divergiria de todos os conhecidos até à data, esse estudioso da cronística levaria a cabo um trabalho que os seus mestres haviam deixado inconcluso. Passou assim a estar disponível esse texto que supõe ser de finais do séc. XIII, suscitando nos últimos anos também uma ampla literatura, integrada particularmente na produção do Seminário Medieval de Literatura, Pensamento e Sociedade, sediado na Universidade do Porto.