Garrett, a outra figura de proa do Romantismo português, também se aventurou pela narrativa histórica, com O Arco de Santana, afirmando expressamente no prólogo que a reconstrução do passado poderá ter como prioritária função uma especular reduplicação do presente. Ao lembrar um episódio do tempo de D. Pedro I, onde se convocam a tradicional justiça do rei e os desejos lúbricos do bispo do Porto, Garrett aproveita para sugerir caminhos para a atuação do governo liberal. Tal como acontecia com Herculano, são visíveis no romance uma série de ingredientes próprios do Romantismo, incluindo os espetaculares reconhecimentos de que Camilo Castelo Branco irá usar e abusar em romances históricos e não históricos.
Ao longo do século XIX, outros autores cultivaram o género, sempre na peugada mais ou menos direta de Herculano. Destacamos nomes como os de Rebelo da Silva, Camilo Castelo Branco, Arnaldo Gama, Pinheiro Chagas ou Alberto Pimentel.
As duas primeiras obras de Rebelo da Silva (Rausso por Homízio, 1842-1843 e Ódio Velho não Cansa, 1848), assim como alguns textos de Contos e Lendas evocam o Portugal medieval, com todos os tradicionais ódios, vinganças e traições. Na segunda fase de que são exemplo, A Mocidade de D. João V (1852), Lágrimas e Tesouros (1863), A Casa dos Phantasmas (1865) e De Noite Todos os Gatos são Pardos (publicado postumamente em 1871), é o século XVIII e o início do XIX (as invasões francesas) que servem de pano de fundo a intrigas, francamente devedoras do imaginário romântico, mas que se movimentam em ambientes que apelam diretamente para uma cor local evocativa da época em que o enredo se situa. Sem o grau de paixão que caracteriza as personagens dos romances de Herculano, as obras de Rebelo da Silva pretendem retratar várias épocas da nossa História, pondo em relevo, não só a atuação política de alguns reis, mas sobretudo as suas atuações privadas, a par das de personagens que com eles contracenam, num à vontade que, momentaneamente, pode fazer esquecer o leitor da veracidade de umas e da ficcionalidade das outras.
Em camilo Castelo Branco, a reconstituição histórica deixa muito a desejar, não se preocupando o autor em ser fiel ou até verosímil. As invasões francesas e as lutas entre liberais e absolutistas são frequentemente o cenário onde se desenvolvem romances como A Enjeitada (1865), O Retrato de Ricardina (1868) ou A Brasileira de Prazins (1882); O Santo da Montanha (1868) evoca o Funchal do século XVII, enquanto Livro Negro de Padre Dinis (1855) refere a Revolução Francesa. No entanto, nenhum destes textos pode ser considerado romance histórico, pois que os acontecimentos reais só existem para situar o entrecho no tempo e no espaço, não havendo qualquer preocupação na reconstituição das forças sociais e humanas que permitiram determinada transformação. Outros casos há em que factos verídicos condicionam, de certa forma, a diegese, mesmo se nem sempre são corretamente explorados. Em O Judeu (1866), O Olho de Vidro (1866), O Senhor do Paço de Ninães (1867), Luta de Gigantes (1865), O Regicida (1874), A Filha do Regicida (1875) ou A Caveira da Mártir (1875), diretamente apelidados de romances históricos, encontramos inequívocas referências a acontecimentos ou fenómenos que marcaram épocas da História portuguesa. A Inquisição e o correspondente problema do judaísmo, a descrição de um auto-de-fé ou a batalha de Alcácer-Quibir dão o tom historicista que o autor quer imprimir, mesmo se superficialmente e até com inexatidões primárias.