Ao longo do século XIX e ainda no início deste, outros romancistas cultivaram o género sem, todavia, trazerem novidades em relação aos ditames de Scott, Victor Hugo ou Herculano. Falamos de Oliveira Marreca, Ayres Pinto de Souza Mendonça e Menezes, António Pereira de Aragão, Andrade Corvo, Coelho Lousada, Matilde de Sant’Ana e Vasconcelos, Bernardino Pinheiro, Teixeira de Vasconcelos, António Francisco Barata, Mendes Leal, Luís Guedes Coutinho Garrido e José de Sousa Monteiro (estes dois últimos, curiosamente, evocando a Roma antiga), Oliveira Martins, Silva Gaio, Pereira Lobato, Guiomar Torrezão, Diogo de Macedo, Guilhermino Augusto de Barros, Henrique Lopes de Mendonça, D. João da Câmara, Marcelino Mesquita, Alberto de Castro, Guilherme Read Cabral, J. Reis Gomes, Sousa Costa ou César da Silva.
O romance finissecular e dos inícios de novecentos
Nas primeiras décadas do século XX (ou ainda nos últimos anos do século anterior) surgem novos modelos que basicamente se deixam imbuir de um exagerado patriotismo místico e mítico. Excetuam-se apenas os casos de Eça de Queirós e de Carlos Malheiro Dias.
Do primeiro, para além de alguns contos onde há alguma reconstituição histórica, devem salientar-se dois romances, que se podem considerar como inovadores: A Relíquia (1887) e A Ilustre Casa de Ramires (1900). Em A Relíquia, o protagonista, mesmo se num sonho, situa-se simultaneamente em dois tempos distintos (o seu século XIX e o tempo de Cristo) e reflete sobre as vantagens e prejuízos desta situação. A consciência da pertença a dois tempos, os comentários através de uma focalização externa, artificialmente assumida, deixam já entrever uma nova forma de percecionar o passado, crítica e epistemológica. A intenção didática parece abolida e o jogo com o passado passa para primeiro plano. No segundo romance procede-se a uma magistral desconstrução dos ingredientes inevitáveis para a feitura de um romance histórico tradicional, ironizando e parodiando as receitas convencionais e o seu ingénuo entusiasmo pela reconstituição do passado. A metalinguagem presente nestes dois romances deixa já entrever o aparecimento de um tipo de narrativas que escapa a um certo primarismo romântico e se posiciona na senda do experimentalismo discursivo do século XX.
Carlos Malheiro Dias, em Paixão de Maria do Céu (1902) e O Grande Cagliostro (1905), cria uma nova forma de evocação através do uso constante da ironia, acentuando a distância do narrador (e dos leitores), e da parcialidade da focalização das personagens.
No entanto, como já referimos, nos primeiros anos de novecentos, a tónica vai para um romance apologético e muitas vezes biografista (das grandes figuras da História), sem grandes novidades, nem estruturais nem conceptuais. É o caso de Campos Júnior, Artur Lobo de Ávila, Faustino da Fonseca, Rocha Martins, Eduardo de Noronha (que fala sobretudo da heroicidade de portugueses no estrangeiro), Antero de Figueiredo, Marques Rosa, Júlio Dantas, Ruy Chianca, João Grave, D. João de Castro, Maria Paula de Azevedo, Afonso Lopes Vieira, Gentil Marques ou Mário Domingues.