De um modo ainda mais direto do que Herculano, de quem é indubitavelmente devedor, Arnaldo Gama possui uma conceção didática da História, apresentando inúmeras notas explicativas e informativas. Nas obras deste autor (Um Motim Há Cem Anos, 1861, O Sargento-Mor de Vilar, 1863, O Segredo do Abade, A Última Dona de S. Nicolau, 1864, O Filho do Baldaia, 1865, A Caldeira de Pero Botelho, 1866, O Balio de Leça, 1871, póstumo), encontra-se sempre um quadro verídico, onde se desenrolam amores (em geral proibidos e impossíveis, à boa maneira romântica), e onde se destaca o importante papel das massas (à semelhança de Scott).
Em Pinheiro Chagas, as influências românticas já não são tão nítidas como nos anteriores, embora se façam ainda sentir em algumas obras. Nos romances de cariz histórico, a importância que é atribuída aos acontecimentos verídicos varia, de molde a podermos catalogá-los em quatro secções: à primeira corresponderia A Corte de D. João V (1867), onde o mais importante parece ser a descrição do ambiente independentemente de qualquer intriga; na segunda, de que fazem parte Os Guerrilheiros da Morte (1872), O Terramoto de Lisboa (1874), As Duas Flores de Sangue (1875), A Mantilha de Beatriz (1878) e A Marquesa das Índias (1890), nota-se uma menor importância das personagens referenciais, sobressaindo a intriga, que, na maior parte dos casos, está intimamente relacionada com determinado acontecimento histórico; no terceiro grupo, salientam-se romances onde a tónica é posta em episódios verídicos, à volta dos quais se desenrola uma subsidiária diegese, como A Máscara Vermelha (1873) e O Juramento da Duquesa (1873); finalmente, em A Jóia do Vice-Rei (1890), A Descoberta da Índia Contada por um Marinheiro (1891) e O Naufrágio de Vicente Sodré (reimpresso em 1894), há quase ausência de efabulação, dando-se especial relevo ao facto em si, na linha da grande maioria do romance histórico do início do século XX.
Na obra de Alberto Pimentel, poderemos também considerar várias formas de inclusão do referente, desde romances que mais não são do que uma série de peripécias aventurosas, cujo cenário interessa menos do que a intriga em si (O Anel Misterioso (1873), O Testamento de Sangue (1873), Um Conflito na Corte (1876) O Arco de Vandoma (1916) e Terra Prometida (1918)), até outros que dão mais atenção ao discurso histórico propriamente dito (A Guerrilha de Frei Simão (1895), O Descobrimento do Brasil (1895) e O Lobo da Madragoa (1904)). A sua produção romanesca não traz grande novidade nem à conceção do romance histórico tradicional, nem à elaboração da intriga. As personagens são, ou tragicamente românticas (nas primeiras obras) ou fleumáticas e moderadas sem desesperos ou angústias ontológicas (nas últimas).