| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
Procurava resolver ou contribuir para a resolução das seguintes perguntas: “Constitui o Brasil uma entidade geográfica, suficientemente diferenciada em relação aos demais Estados da América do Sul? A sua história obedecerá também a um desenvolvimento económico, social e político próprios, com base naquela diferenciação geográfica? Que sistema de princípios e títulos jurídicos legitimam e asseguram a base geográfica do Estado?” Problemas de difícil e complexa formulação e resolução e que em si contêm um imenso programa de trabalho. Em que a análise da documentação cartográfica serve de apoio e muitas vezes de ilustração. Jaime Cortesão partia do princípio de que os mapas exprimiam antes de mais as vontades políticas dos governantes. Apesar de transmitirem uma visão codificada da realidade, reflectiam sobretudo os propósitos dos que mandavam. A cartografia não era objectiva – mesmo contando com as deficiências instrumentais do tempo –, mas mediatizava um saber todo ele orientado para a justificação de um domínio territorial. O que podia conduzir a distorções que contagiavam aquilo que se pretendia observar. De tal maneira Jaime Cortesão considerava central a política para a cartografia que chega a escrever que por volta de 1640 a arte cartográfica estiolara, “pois não correspondia já a uma instante função política.” Há, sempre, uma busca do significado histórico dos mapas. Significado político. Sobretudo na História do Brasil nos Velhos Mapas vêm ao de cima as concepções estruturais de Jaime Cortesão acerca da formação do Brasil: a partir de uma imaginada “Ilha-Brasil”, definida pelas bacias do Rio da Prata e do Amazonas. Ter-se-ia construído uma unidade social que acabou por ser política e por prefigurar um território destacável como nacional. Tudo o mais decorre desta postura prévia. Mesmo quando trata de expedições do século XVIII, a Ilha-Brasil ia como que flutuando em avanço para oeste, consoante as vantagens políticas dos portugueses. Ilha-Brasil que era invocada como determinante na concretização das fronteiras, marcando os limites e confrontos com os domínios espanhóis. |
|||||||||||||