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Em tempos marcados pelo autoritarismo político tanto num lado quanto noutro do Atlântico, não seria difícil atribuir e acentuar um tom ideológico a tal perspectiva, o que foi habilmente realizado pelo regime de Salazar a partir do início dos anos 1950, com a “complacente cumplicidade de Gilberto Freyre”, como diz o historiador João Medina (“Gilberto Freyre contestado”, 2000, p. 50). Convidado pelo Estado Novo a visitar as colônias, entre agosto de 1951 e fevereiro de 1952 Freyre viajou por Guiné, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Índia, além da própria metrópole, voltando a Apipucos com “os olhos cheios de Portugal” e dois livros prontamente escritos, Um brasileiro em terras portuguesas e Aventura e rotina, ambos publicados em 1953. Em ambos, as bases de “uma possível lusotropicologia”, a qual seria, como dito no prefácio a Um brasileiro..., “o estudo sistemático de todo um conjunto ou de todo um complexo de adaptações do português aos trópicos e dos trópicos não ao jugo imperial, mas à especialíssima vocação transeuropeia, da gente portuguesa. Não só transeuropeia: especificamente tropical”. Da lusotropicologia ao lusotropicalismo foi um passo e, para citar novamente Medina (p. 61), “desde então a máquina de propaganda do regime português não mais deixaria de capitalizar em proveito da sua política colonial as posições de Freyre”. |
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