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Não se deve pensar, contudo, que as ideias de Gilberto Freyre estejam, ou escapem, a reparos e questionamentos pertinentes. Os limites e equívocos de sua interpretação da dinâmica da miscigenação e do processo da colonização portuguesa da América, os usos políticos e ideológicos do lusotropicalismo – tanto em Portugal quanto no Brasil, aliás –, a suposta ausência de “rigor metodológico”, senão “científico”, em seus trabalhos, o alcance e a validade de suas análises para além do recorte específico da sociedade açucareira, para mencionar os tópicos mais recorrentes da crítica, foram e, de certa forma, continuam a ser objeto de muita tinta desde a década de 1960, pelo menos. Ao mesmo tempo, a afirmação, nas últimas décadas, de vertentes historiográficas dedicadas à cultura, à vida privada, à vida material vêm promovendo uma redescoberta de seus trabalhos, com leituras sob prismas que, sem deixar de avaliar suas contribuições, nem de desconsiderar as avaliações já feitas a seu respeito, lançam nova luz sobre eles. Sinal da vitalidade de sua obra e do quão provocador de reflexões e desdobramentos, tanto diretos quanto indiretos, foi o seu pensamento. Sinal, sobretudo, de um autor clássico, no pleno sentido da palavra: aquele que, quanto mais lemos, mais nos instiga a descobertas. |
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