Tendo, a um tempo, o maior domínio histórico e a menor força económica e militar instaladas no terreno, Portugal ficou com os seus interesses prejudicados em África à luz dos princípios do novo tipo de direito internacional. Neste quadro de competição, a SGL orientou a sua actividade para a reprodução de roteiros de finais do século XVIII e inícios do século XIX guardados no arquivo do Ministério da Marinha, a sua tradução para inglês e francês e a sua divulgação junto de instituições estrangeiras congéneres, congressos e exposições internacionais. Este mesmo habitus historiográfico da SGL em defesa dos direitos históricos de Portugal foi ainda reabilitado, a partir de 1954, no quadro da ocupação indiana dos territórios portugueses de Dadrá e Nagar-Aveli. A História foi igualmente uma das áreas de conhecimento primordiais para a SGL veicular a sua ideologia colonial e de unidade e fervor nacionais. No quadro de uma historiografia positivista, dominada pela história-acontecimento, a SGL mobilizou igualmente um conjunto de estudos biográficos sobre uma galeria de heróis, o qual indicia uma relação selectiva com a história de Portugal, mais vincada no período do Estado Novo (por exemplo, é dado realce a D. João IV, ao Infante D. Henrique, Gil Vicente, aos descobridores da costa africana, a Vasco da Gama, Álvares Cabral, Marquês de Sá da Bandeira, Gago Coutinho, Silva Porto, entre outros, e pouco destaque à acção do Marquês de Pombal). Na galeria dos feitos e heróis nacionais, a SGL encontrou um nicho relevante para publicações, algumas das quais realizadas no quadro da curiosidade de alguns sócios não-historiadores (cf. por exemplo, alguns trabalhos assinados por Gago Coutinho dedicados a Bartolomeu Dias, Vasco da Gama ou à descoberta da Austrália), e, sobretudo, para um elevado número de comemorações com recurso a desfiles, exposições e conferências. Do ponto de vista organizacional, a História constituía uma das secções profissionais previstas estatutariamente desde 1895, na qual pontuaram, na qualidade de presidentes, Damião Peres, Hernâni Cidade e Virgínia Rau, entre outros. A acção da secção foi perdendo fulgor ao longo do período analisado chegando mesmo, após a direcção daquela historiadora, a conhecer um longo período de inactividade.