Ambas as revistas comprovaram o esforço de a SGL recentrar a sua missão científica nos estudos geográficos e de reorientar os estudos para a diáspora portuguesa em época de diminuição dos apoios financeiros por parte das entidades oficiais e das lutas armadas pela independência em curso nos territórios colonizados por Portugal. A publicação periódica de maior fôlego temporal e, por isso, a mais representativa do devir histórico da instituição é o Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, publicado ininterruptamente desde 1876. A primeira série do Boletim (1876-1878) contou apenas com 4 números publicados ao longo de três anos (em vez dos regulares 12 números por ano), facto que testemunha as dificuldades que a SGL encontrou para a sua impressão e edição. Sem apoios oficiais no início, só contando com a oferta privada e com a determinação intelectual, organizativa e monetária dos sócios é que foi possível dar início a esta publicação periódica, de onde saíram muitos estudos, sob o formato de separatas, que alimentaram parte das publicações monográficas da SGL, incluindo as de cunho mais histórico.
O papel dos estudos históricos no âmbito de uma instituição privada orientada para os estudos geográficos, com protocolo de cooperação técnico-científica com o Estado português em assuntos coloniais, deve ser compreendido à luz de, por um lado, uma relação interdisciplinar com a Geografia, Cartografia, Arqueologia, Etnografia e Museologia e, por outro, com uma concepção memorial, monumental e comemorativa da própria História. A historiografia patrocinada pela SGL foi muito orientada pelo esforço de documentar e mapear a presença portuguesa no mundo, desde o século XV, como resposta a solicitações políticas de conjunturas internacionais bem definidas.
De salientar, como ilustração do até aqui afirmado, alguns títulos de estudos de natureza histórica publicados pela SGL: L’hydrographie africaine au XVI siécle d’après les premiers explorateurs portugaises (1878); Annotações Historicas - Textos e traduções (1880); Escravos e minas de África (1516-1619) - Diversos (1881); Estações civilizadores. Mapa cor-de-rosa (1881); Estudos historico-geographicos (1887); Politica portuguesa na África. Memória histórica e politica (1889); Notice sommaire des manuscripts orientaux de deux biblioteheques de Lisbonne (1894); Missões dos jesuítas no Oriente nos séculos XVI e XVII (1894); Relatório das propostas para a celebração scientifica do centenário da Índia (1894); História dos portugueses no Malabar (1898); Construções de naus em Lisboa e Goa para a carreira da Índia (1898); Considerações gerais sobre história colonial (1902);