Como instituição orientada para a produção e divulgação de conhecimento científico, a SGL foi constituindo um corpus documental (escrito, iconográfico e material) fundamental para os estudos históricos, em especial na sua articulação com a Geografia e a Etnologia, o qual aguarda por estudos mais aprofundados. Desde a sua génese, a SGL apelou aos sócios para enviarem documentos, livros, objectos interessantes para o enriquecimento do arquivo e do museu que estava a constituir. Neste âmbito, há a realçar o papel dos sócios correspondentes no processo de construção do discurso ultramarino e científico, através do envio de notícias, memórias, informações sobre as colónias, os locais que habitavam e os povos com que conviviam. Tratou-se de constituição de uma rede informacional que ajudou a configurar uma imagem que a metrópole ia alimentando relativamente às suas possessões ultramarinas. Foi também através desses sócios (exploradores, comerciantes, missionários, juízes, governadores, etc.) que a África, de modo pragmático, foi dada a conhecer na metrópole.
A fusão com a CCPG representou a transferência de diversas competências, destacando-se, entre elas, a que se refere à constituição de colecções (de exemplares, documentos e livros de geografia, história, etnologia, arqueologia e ciências naturais) que contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento em relação ao território português e, em especial, às províncias ultramarinas. A delegação destas funções, a par do papel consultivo e de estudo, das funções editorial e de propaganda colonial, abriram caminho à formação de um museu que, para além de promover comercialmente os produtos coloniais, teve espaço para, em termos programáticos, incluir exemplares de carácter comercial e industrial, histórico-comemorativo, científico e artístico. Após negociações com o Estado, no sentido de dele obter as colecções coloniais exibidas na Exposição Internacional e Colonial de Amesterdão (1883), o Museu Etnográfico da SGL abriu as portas ao público em 1884 com a mostra de um inovador estudo e aplicação industrial e comercial de peças coloniais. A finalidade de congregar esforços e de coordenar o espólio do Museu Colonial de Lisboa, sob a tutela da CCPG, foi conseguida pela SGL com a fusão dos dois museus e respetivos acervos em 1892.