Foi neste contexto de corrida e partilha de África que se deve compreender, como referiu Luciano Cordeiro, o grande desafio que se colocava então ao país: a “civilização” da África, a sua exploração comercial e a sua colonização segundo um modelo de coordenação política e científica. Assim, por via da ciência geográfica, e dos seus diversos ramos à época (física, humana/antropológica, política, comparativa), a SGL assumiu o compromisso de desenvolver conhecimento científico e disseminar o sentido patriótico das questões ultramarinas com vista a apoiar uma colonização mais aprofundada e efectiva dos territórios africanos. Visou, dessa forma, ser encarada pelas elites políticas da época como um importante vector de desenvolvimento de uma política colonial para a salvaguarda e reconhecimento dos territórios ultramarinos portugueses, os quais eram, na opinião dos membros da SGL, parte integrante da pátria portuguesa e do sentido identitário do povo português.
Entre 1876 e 1880, a SGL deu provas de uma energia inesgotável ao procurar impor a sua concepção expansionista a nível político e ideológico, no país e no estrangeiro, e lançou o seu programa de acção institucional através das seguintes iniciativas: i) pressão junto do governo para que este assumisse posição junto dos competidores internacionais – internacionalização da política colonial portuguesa, colonização efectiva e organização de explorações para a afirmação de facto dos direitos portugueses na região central africana; ii) acção diplomática (junto da Associação Internacional Africana - AIA -, criada no contexto da Conferência de Bruxelas, em 1876), científica (participação em inúmeras reuniões científicas e políticas internacionais) e editorial (com a recolha e publicação de todos os documentos e estudos históricos que fundamentassem o argumento dos direitos históricos de Portugal e sua difusão no país e estrangeiro); iii) intervenção na política interna – elaboração de um programa ideológico colonial, sua difusão e concentração de recursos e conhecimento para a sua sustentabilidade; iv) estruturação de uma política colonial – estudo e definição de um programa de política colonial, proposta de criação de um curso colonial destinado à formação de funcionários coloniais e definição de um plano de colonização baseado, à semelhança da estratégia da AIA, no estabelecimento de estações civilizadoras.