Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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Instituição fundada em Maio de 1911, por iniciativa de Fidelino de Figueiredo, contou também com a participação de Cristovão Aires (1853-1930), David Lopes (1867-1942) e José Leite de Vasconcelos (1858-1941). Inicialmente designada por Sociedade Nacional de História, a ela se associaram mais de uma centena de sócios, a acrescentar um conjunto significativo de colaboradores, tanto portugueses como estrangeiros, no seu periódico, a Revista de História. Teve o mérito de reunir no mesmo espaço uma parte substancial da elite historiográfica e cultural do seu tempo.
Poucos dias após o 5 de Outubro de 1910, veio a lume, pela mão de Fidelino de Sousa Figueiredo (1889-1967), um interessantíssimo texto sintomaticamente intitulado O Espírito Histórico (1ª ed. 1910, 2ª 1915, 3ª 1920). Neste texto observamos, por um lado, uma componente ensaística com uma análise da sociedade portuguesa da sua época, em que o autor apresenta um quadro bastante crítico, construindo um suporte ideológico e moral para a apologia de um espírito histórico de claro sabor nacionalista: a história era chamada a desempenhar uma função social, com o intuito de se proceder a uma reforma da sociedade, a uma "nacionalização". A ideia era a de recorrer à História como elemento estruturante da identidade e da cultura portuguesas e, como tal, instrumento essencial para a regeneração social, política e cultural do país. O tópico da função social da história não era porém nova, tinha clara inspiração em Alexandre Herculano, um dos seus autores de referência (outro autor que grandemente o influenciou fora Oliveira Martins). Mas o momento dessa apologia era singular, na medida em que se encontrava numa transição de regimes. Num outro sentido, e demonstrando estar a par dos mais recentes trabalhos historiográficos, Fidelino de Figueiredo debruçou-se igualmente sobre o estatuto científico da História, criando assim um escrito bastante actualizado em matéria de teoria da história e de historiografia, com suporte em autores como Benedetto Croce e Henri Berr, entre outros.