Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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Infelizmente, esta não foi a única iniciativa da SPEH que saiu gorada. Houve ainda intenção de se produzir uma Bibliografia Histórica Portuguesa, cujos autores seriam Fortunato de Almeida, Edgar Prestage, Joaquim Fontes e Fidelino de Figueiredo. Trabalho apenas parcialmente publicado, por Edgar Prestage (Revista de História, vol. 3, pp. 350-353).Tal bibliografia iria abranger nove períodos distintos, desde a Reconquista Cristã até 1820-1910, tendo E. Prestage sido encarregado do sétimo período, que ia desde 1640 até às Cortes de 1697. Mas esta bibliografia, parcialmente publicada na RH, parece ter tido outro destino de publicação dado que tais trabalhos devem ter sido realmente extensos. Na última edição de O Espirito Histórico (1920), de Fidelino de Figueiredo, encontra-se, para além de uma maior clarificação e exposição dos pressupostos, a inclusão de uma Bibliografia Histórica. Fidelino já o tinha feito anteriormente, mas observamos uma maior abrangência. É possível que tenha aproveitado algum do trabalho realizado naquele âmbito.
Todavia, este projecto da SPEH viria a ser objecto de um estímulo estatal posterior. Em 1918, o então Ministro da Instrução Pública, José Alfredo de Magalhães, fez publicar duas Portarias (de 9 de Fevereiro de 1918, Nº 1221 e Nº 1222) em que incumbiu a sociedade a realizar duas tarefas: a organização de um Vade-mecum do Investigador Histórico e a organização de uma Bibliografia Histórica Portuguesa. Um dos sócios, Luiz Teixeira Samapaio, não deixou passar em branco este pedido, escrevendo que tal incumbência por parte do Estado atestava a importância que a SPEH possuía no contexto científico do seu tempo (Revista de História, vol. 7, pp. 320-321). O que acentua o papel pioneiro da Sociedade na institucionalização da investigação histórica em Portugal, complementar dos Institutos de Estudos Históricos criados, formalmente, pela reforma universitária de 1911. Mas, mais uma vez, não temos notícia de que tais projectos tenham sido concluídos (ou até mesmo iniciados).
Este estímulo veio, porém, já num período da SPEH que poderíamos considerar um pouco difuso. Localizamos como ponto de viragem da vida associativa o ano de 1915: os relatórios da vida social (das poucas fontes disponíveis) deixam de ser publicados, embora fossem obrigatórios na moldura estatutária. Apesar dos estímulos estatais referidos, há alguns pormenores que nos permitem observar um esmorecimento da vida associativa. Considera-se um ponto de viragem essencialmente pelo número de artigos publicados na Revista de História, mas não só.