Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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Foi o fim de uma sociedade de historiadores – a primeira estritamente de historiadores, não de arqueólogos, engenheiros, etc, note-se –, em que contudo, participaram intelectuais e eruditos, que existiu durante sensivelmente o mesmo período da I República, onde encontramos um embrionário mote para uma profissionalização dos estudos históricos em Portugal. Não se incorrerá em erro se se afirmar que a SPEH e o pensamento e acção de Fidelino de Figueiredo estiveram estreitamente ligados. Porventura confundem-se. Não se descura a hipótese de que a SPEH e a RH também tenham sido o resultado de uma estratégia de afirmação individual de Fidelino, de forma a legitimar-se aos olhos dos historiadores mais acreditados. No entanto, se assim foi, não pode deixar de se observar que houve um reconhecimento por parte dos historiadores já com créditos firmados – caso dos restantes assinantes da circular programa - da iniciativa e capacidade de organização de Fidelino Figueiredo ao levantar tal projecto associativo num período de debate metodológico e teórico no campo dos estudos históricos. Como evocaria Fidelino em 1954: “Só agora, tantos anos depois, eu meço toda a extensão da bondade e da confiança dos homens ilustres, que prontamente acudiram ao chamamento duma voz moça e sem autoridade” (Historiografia Portuguesa do Século XX, p. 336). Estas adesões, podem, no entanto, também ser entendidas como um indicativo do desgaste das convenções científicas e culturais da época. Mas o mais importante foi a mobilização intelectual e cívica conseguida.
De qualquer forma, e apesar de alguns dos grandes intuitos iniciais, nem todos os projectos da SPEH tiveram uma conclusão satisfatória. A organização de uma bibliografia histórica e sugestões entregues aos ministérios não chegaram a concretizar-se. Possivelmente, a medida que mais caracteriza esta sociedade foi a defesa dos arquivos das corporações religiosas. Mas, e ingratamente um pouco esquecida, a grande contribuição da SPEH para a posterioridade foi, sem dúvida, o acervo de materiais e de artigos que constitui a Revista de História.