Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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Dentro das características gerais do universo dos sócios, podemos destacar algumas tendências sociodemográficas (tendo sempre presente algumas lacunas de informação, 40% de informação para alguns dos campos). Começando pela formação académica destes, com os dados obtidos, concluímos que os estabelecimentos de ensino onde os associados fizeram a sua formação académica foram, em primeiro lugar, a Universidade de Coimbra, nomeadamente o curso de Direito (por exemplo, Costa Lobo ou Ginestal Machado); em segundo lugar, o Curso Superior de Letras (predecessor da actual Faculdade de Letras da UL), (Fidelino de Figueiredo, David Lopes ou Vieira de Almeida). Outros estabelecimentos de ensino figuram neste campo, como a Escola Politécnica de Lisboa, as Escolas militares (Naval e do Exército), ou os cursos de Filosofia de Coimbra e de Medicina do Porto. Podemos ver que as áreas científicas mais presentes foram as Humanidades, logo seguidas de Direito, Medicina, Ciências e de formação militar, o que não espanta, se tivermos em perspectivas as figuras presentes e uma certa ambiguidade patente quanto ao conceito de história profissional. A origem geográfica dos sócios foi algo heterogénea. Registou-se que a maior parte destes tinham como local de nascimento o distrito de Lisboa, seguido de Porto e Coimbra, ou seja, os principais centros urbanos do país, onde haveria porventura uma maior taxa de alfabetização. A SPEH conseguiu congregar no seu seio um conjunto apreciável de figuras de ocupações profissionais muito diversas. Um destaque particular para os académicos, professores universitários, que formaram o grosso dos sócios da SPEH – conferindo-lhe, possivelmente, uma maior legitimidade –, cujos exemplos já aqui anteriormente foram referidos. O que ém si mesmo é significativo, pois a iniciativa não partira da Universidade - esta última representava, em grande medida, a cultura oficial. Outras ocupações há a evidenciar, como a de professor liceal, caso de Fidelino de Figueiredo; de militares, como Afonso Dornelas; e figuras do corpo religioso, como o Padre Ernesto Sales, ilustrando mais uma vez a forma como a SPEH não partilhava de algumas das perspectivas mais radicais dos republicanos contra o clero. Um outro campo que convém aqui realçar é o dos cargos públicos ocupados por alguns dos sócios, o que permite observar a heterogeneidade ideológica convergente na SPEH. Do total de sócios, conseguiu-se apurar que pelo menos 20 ocuparam um ou mais cargos públicos 183, tendo estes sido variados. Encontramos Presidentes de Câmara, como foi o caso de Anselmo Braamcamp Freire (Lisboa), que também foi deputado na Assembleia Constituinte republicana, ou António Mendes Correia, presidente da Câmara Municipal do Porto; governadores civis, como Cristóvão M. Sepúlveda (Bragança) ou Henrique da Gama Barros (Lisboa); Ministros, como Ginestal Machado (Instrução) ou Aurélio da Costa Ferreira (Fomento e Trabalho) (vejam-se estas características mais detalhadamente em A SPEH no contexto historiográfico nacional, pp. 59-62).