Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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É também com base neste paradigma histórico-metodológico que a SPEH se propõe renovar os estudos históricos portugueses. Os seus promotores apresentavam um plano de actividades assente em sessões periódicas da SPEH, publicação duma revista-órgão (Revista de História), realização de conferências e de leituras públicas, divulgação de fontes, colaboração com outras instituições congéneres e com escolas, organização de congressos e manutenção de uma relação estreita com o poder central.
No momento imediato, os subscritores da «circular programa” tinham em mente dois objectivos: limitar os danos causados pela “revolução anti-histórica” saída do 5 de Outubro, tal como Fidelino de Figueiredo considerou no seu ensaio Espírito Histórico (1910) – a revolução teria provocado um corte abrupto com o passado – e adequar os estudos históricos portugueses aos modelos em voga nos países europeus que constituíam referências culturais, o que leva ao desenvolvimento dos estudos comparativos, em que também Fidelino de Figueiredo foi grande impulsionador.
Há, todavia, limitações ao integral estudo desta sociedade. A primeira lacuna de fontes (a mais importante) reside na falta das actas das reuniões ordinárias, até hoje não localizadas. Existe um conjunto de cinco relatórios (obrigatórios ao abrigo dos estatutos), que permitem traçar a vida social da SPEH nos primeiros anos, mas que infelizmente não passam do ano de 1915. Outra limitação é a listagem de sócios, que não vai até ao final da vida da SPEH, mas tão só até 1920.
Iniciadas as actividades em 1911 (embora só viesse a possuir sede própria em 1913), e com uma orgânica relativamente simples – um Presidente, um vogal de direcção, um secretário (que foi sempre Fidelino de Figueiredo, funções relevantes como a redacção dos «Relatórios») e um tesoureiro –, rapidamente a SPEH começou a afirmar-se no panorama cultural do seu tempo, principalmente com questões relativas a acervos históricos. A par das sessões ordinárias, em que vários sócios apresentavam comunicações (sendo que a maioria era depois publicada na Revista de História em formato de artigo), as sessões extraordinárias de 1912 revelaram-se as mais significativas do período da existência da SPEH. Nesse ano publicou-se um «Manifesto», em formato aberto (Revista de História, vol. I, pp. 49-51) sobre a questão dos arquivos e bibliotecas religiosas atingidos pela Lei da Separação da Igreja do Estado, de 20 de Abril de 1911.