Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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O 1º número da Revista de História veio a lume um ano após a fundação da SPEH e com uma publicação trimestral – mais tarde, todos os números foram agrupados em 16 volumes, cada um correspondendo a um ano. Inscrita na moldura estatutária (Art. 2º), a revista inseriu-se no conjunto de iniciativas a que SPEH se proponha realizar. Nela participaram não só os sócios como também outros colaboradores, revelando deste modo a forma como deu expressão a trabalhos de vários autores, muitas vezes sem grande nome ou significado no contexto cultural da época. Era, aliás, um dos seus intuitos. Desde o início da sua publicação, a RH ocupou um lugar destaque no panorama dos periódicos científicos nacionais, principalmente entre aqueles dedicados à história em termos gerais, como Arqueólogo Português (1890-21) e o Arquivo Histórico Português (1903-21). É que, em termos comparativos, a RH apresentou logo de início uma estrutura mais moderna se olharmos para estes periódicos coevos. Chegou até a pensar-se em inscrever resumos, sumários, numa língua estrangeira (na altura o francês) de forma a possibilitar uma maior projecção das investigações nacionais na Europa, mas que não chegou a ser concretizada. De qualquer forma, houve várias permutas não só com instituições nacionais como com institutos ou Universidades estrangeiras, fruto, em grande medida, da rede social que Fidelino foi construindo durante este decénio do século XX.
Vemos uma clara inspiração num periódico estrangeiro, a Revue de Synthése Historique, dirigida por Henri Berr (um dos referenciais de Fidelino) e fundada no início do século. Mas a melhor caracterização da RH coube à própria SPEH: numa brochura publicada pela sociedade em 1915, e ainda hoje uma útil ferramenta de trabalho, descreveu-se a RH do seguinte modo: “A Revista de História procura conciliar a função de arquivo de materiais à de síntese, promovendo a divulgação das fontes e a construção da história. Também se interessa pelos problemas teóricos das ciências históricas e da metodologia do seu ensino” (Revistas Portuguesa de História…, p. 14). De facto, estabeleceu-se ao longo da existência da revista um equilíbrio entre a publicação de fontes (documentos oficiais, epistolas, etc) e artigos interpretativos sobre temas específicos e noutros casos abrangentes. Neste sentido, vemos um conjunto diversificado de autores a colaborarem na RH. Alguns aproveitaram, inclusivamente, para dar a conhecer novas investigações em curso, casos de Fidelino (critica literária), João Lúcio de Azevedo («Estudos para a história dos cristãos novos em Portugal» vol. 1) ou Fortunato de Almeida (por exemplo, «Portugueses no concílio de Trento», in Revista de História, vol. 2, pp. 151-166.). Noutros casos, vemos então jovens investigadores como Chales Boxer, Vieira de Almeida ou Paulo Merêa a publicarem alguns dos seus primeiros trabalhos.