Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-28)
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Depois de um início fulguroso de publicações, a partir de 1916 o número de artigos publicados decresceu substancialmente, quase para metade, estabilizando-se entre os 10-15 por volume até ao fim da SPEH. Antes, o número ascendia até aos 20 (A SPEH no contexto historiográfico nacional, p. 67). Isto aconteceu porque o núcleo duro dos associados, como Fidelino de Figueiredo, Edgar Prestage, João Lúcio de Azevedo ou Fortunato de Almeida, deixaram de apresentar tantas publicações – Fidelino manteve, contudo, uma regularidade de publicação – dando espaço a outras figuras menores. Mas o ano de 1915 veio demonstrar algumas lacunas na própria arquitetura da SPEH que já vinham de trás. No segundo ano de existência da SPEH, Fidelino de Figueiredo afirmou, num dos relatórios, algum desalento para com a pouca participação dos sócios nas sessões ordinários (algumas por falta de quórum não se realizaram) (Revista de História, vol. 2, pp. 293-296), e em epístola a Edgar Prestage referiu que pensou seriamente em demitir-se por se encontrar sozinho nas tarefas administrativas, ao que Prestage respondeu “Peço-lhe que não condene a Sociedade à morte, demitindo-se” (A SPEH no contexto historiográfico nacional, p. 47, nota 144). Há a acrescentar, uma passagem de Fidelino de Figueiredo, cronologicamente posterior à vida da SPEH, que convém evidenciar: “Mais tarde a moda veio ao encontro das ideias deste grupo, com todos os exageros do que se retardou; e a simples ponderação do espirito histórico tornou-se franca reacção tradicionalista. Já então se havia dissolvido o núcleo de eruditos, porque a sua posição era difícil e resvaladiça ante a violência dos sucessos” (História Literária de Portugal (Séculos XII-XX), pp. 435-445).
Pode presumir–se que Fidelino se estava a referir-se aos momentos que precederam e depois deram suporte a alguns dos fundamentos do Estado Novo. Já aqui se referiu a defesa da tradição pela SPEH, um dos seus alicerces, mas a defesa desta ideia não tinha como objectivo uma acção retardadora, reaccionária ou passadista. Tendo sempre presente a ideia de progresso, a visão da tradição assumia aqui um cuidado especial com o passado histórico e com a função moderadora que este pudesse ter nas rupturas demasiado abruptas no presente. Não era portanto aquele tradicionalismo passadista do Integralismo Lusitano nem, obviamente, do Estado Novo. Apesar de uma componente ideológica patente nas acções da SPEH, essas actividades ou críticas tiveram sempre como base um fundo científico – Fidelino viria, e como exemplo ao que acabamos de referir, a tecer uma dura crítica a uma obra de Hipólito Raposo, membro destacado do Integralismo (Revista de História, vol.5, pp. 85-86); contudo, isto não impediu Fidelino de revelar, no seu pensamento, alguns pontos de contacto com o movimento integralista. Passemos agora em revista o campo dos associados.