Nos anos de 1880, o naturalismo venceu como corrente e impôs-se na crítica. José-Augusto França chamou a Ramalho Ortigão, Fialho de Almeida, Ribeiro Artur e Monteiro Ramalho os «críticos do naturalismo». Definindo-se como um artista da crítica, por não cumprir os rigorosos preceitos que considerava necessários ao exercício dessa actividade (erudição profunda, estudo directo e comparativo, penetração de espírito, sensibilidade, aptidão discursiva, etc.), Ramalho Ortigão (Porto, 1836 – Lisboa, 1915) é, na verdade, um dos críticos mais importantes deste período. Os artigos sobre história da arquitectura, escultura e pintura e a dimensão historiográfica do capítulo VII de A Holanda (1883) e de O Culto da Arte em Portugal (1896) mais revelam do que ocultam a sua acção crítica. Além das menções contidas em As Farpas (1871-1882), publicou em jornais, revistas e catálogos três dezenas de textos, nomeadamente: «Cifka» (1879), «O concurso de pintura na Academia de Belas-Artes» (1879), «Silva Porto» (1879 e 1895), «Carolus Duran, Silva Porto e Columbano» (1880), «A exposição de quadros – Alberto de Oliveira» (1883), «Na morte de Miguel Lupi» (1883), «A pintura moderna em Lisboa» (1883-84), «As louças de Bordalo Pinheiro» (1886), «A obra de Ventura Terra» (1903), «Soares dos Reis» (1904) e «A pintura de Malhoa» (1906). O escritor Fialho de Almeida (Vila de Frades, 1857 – Cuba, 1911) exerceu a crítica sobretudo nos últimos vinte anos de vida, em crónicas coligidas em Os Gatos (1889-1904), Vida Irónica (1892), À Esquina (1903), Barbear, Pentear (1911) e Vida Errante (1925). Ribeiro Artur (Lisboa, 1851 – 1910) foi, em termos profissionais, um militar. Atingiu a patente de tenente-coronel de infantaria, escreveu manuais de instrução e fez a história dos «caçadores portugueses na guerra peninsular». Dedicou-se, porém, à pintura a aguarela, apresentando as suas obras no Grémio Artístico, na Sociedade Nacional de Belas-Artes e na Exposição Universal de Paris de 1900. A sua expressiva actividade crítica deu origem a três volumes intitulados Arte e Artistas Contemporâneos (1896, 1898 e 1903). Evaristo Cândido Monteiro Ramalho (Barqueiros, Mesão Frio, 1862 – 1949), jornalista e escritor que pertenceu ao Grupo do Leão, coligiu a sua actividade crítica em Folhas de Arte (1897). Jaime Batalha Reis (Lisboa, 1847 – Torres Vedras, 1933), licenciado em Agronomia, jornalista e diplomata, membro da Geração de 70, interessou-se por questões teóricas e exercitou o juízo sobre pintura. A crítica de arte oitocentista alcançou uma das melhores expressões no livro que António Arroio (Porto, 1856 – Lisboa, 1934), engenheiro de obras públicas e inspector do ensino, consagrou a Soares dos Reis e Teixeira Lopes em 1899, subintitulado «estudo crítico da obra dos dois escultores portugueses, precedido de pontos de vista estéticos». Este autor, que dirigiu a representação portuguesa na Exposição Universal de Paris de 1900, veio a escrever extensamente sobre música.