Falta ainda assinalar os eruditos de Coimbra. O primeiro foi Augusto Filipe Simões (1835-1884), lente de Medicina e deputado, autor de uma diversificada bibliografia, que contribuiu de modo significativo para o conhecimento da arquitectura românica. Merecem destaque Relíquias da Arquitectura Romano-Bizantina em Portugal e Particularmente na Cidade de Coimbra (1870), Da Arquitectura Religiosa em Coimbra Durante a Idade Média (1875) e artigos sobre Grão Vasco, a arquitectura de Cister e a escultura de Coimbra compilados em Escritos Vários (1888). Tornou-se assim o primeiro de uma série de nomes que dão consistência ao que já foi designado por «escola de Coimbra», na qual António Augusto Gonçalves (Coimbra, 1848 – Coimbra, 1932) desempenhou um papel importante. A formação deste estudioso limitou-se ao «curso liceal» e a «uma ligeira passagem pela universidade» (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira), mas a sua actividade foi extensa e variada na cidade de Coimbra: professor do ensino técnico, professor de desenho na universidade, fundador da Escola Livre das Artes do Desenho, republicano desde os anos oitenta, criador e director do Museu Machado de Castro, restaurador da Sé Velha, romancista, escultor e arqueólogo. Como historiador de arte, publicou artigos e folhetos sobre os Conventos de Celas e de Santana (1886 e 1891) e a Sé Velha (1895), bem como um Roteiro Ilustrado do Viajante em Coimbra (1894). No século XX, a sua produção cresceu e orientou-se para a inventariação: Museu de Antiguidades do Instituto de Coimbra (1911), Notícia Histórica e Descritiva dos Principais Objectos de Ourivesaria Existentes no Tesouro da Sé de Coimbra (1911), em colaboração com Eugénio de Castro, Museu Machado de Castro (1913; 2. ª edição, 1916) e Estatuária Lapidar (1923). Convém ainda assinalar Augusto Mendes Simões de Castro (Coimbra, 1845 – 1932), bibliotecário na Biblioteca da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito. Dedicou-se à história desta cidade e região, escrevendo monografias e roteiros de viagem onde ressalta o interesse pela arquitectura e escultura: Guia Histórico do Viajante em Coimbra e Arredores (1867; 2.ª ed., 1883; 3.ª ed., 1896; 4.ª ed., 1907), Guia Histórico do Buçaco (1875) e Notícia Histórica e Descritiva da Sé Velha de Coimbra (1881). A estes nomes, seguiram-se, no primeiro terço do século XX, os professores universitários Joaquim Martins Teixeira de Carvalho (Lamego, 1861 – Coimbra, 1921), Vergílio Correia (Régua, 1888 – Coimbra, 1944) e António Nogueira Gonçalves (Sorgaçosa, Arganil, 1901 – Coimbra, 1998).