Excluindo a obra colectiva A Arte e a Natureza em Portugal, a primeira década do século XX é de abrandamento bibliográfico, só compensado pelo labor continuado de Joaquim de Vasconcelos e de Francisco de Sousa Viterbo. Os demais estudiosos oitocentistas tiveram uma presença descontínua ou interromperam a sua actividade historiográfica. O século XX da historiografia artística nasceu em 1910 com O Pintor Nuno Gonçalves de José de Figueiredo e em 1916 com Etnografia Artística de Vergílio Correia, e consolidou-se logo a seguir com o surgimento de um número invulgar de autores: Reynaldo dos Santos (1880-1970), José Pessanha (1865-1939), Manuel de Aguiar Barreiros (1874-1961), Aarão de Lacerda (1890-1947), Pedro Vitorino (1882-1944), Luís Chaves (1889-1975), Carlos de Passos (1890-1958), etc. Se Vergílio Correia representa o estudioso erudito, afeito aos documentos e reticente às proposições hipotéticas, José de Figueiredo (Porto, 1871 – Porto, 1937), não descurando a pesquisa documental, preferiu acentuar a intuição e o pendor nacionalista.
Bibliografia:
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